História de uma reencarnação | por Iron Junqueira

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…A vida é tão cheia de mistérios; por isso tão fascinante; dentre os milhares de pessoas que passaram pela minha vida, uma em especial me impressionou por tanto me intrigar com mínimas revelações de vida.

Tive a felicidade de ver minha vida mudada, de vivência normal porque todos passam, e ir cuidar de incontáveis crianças que passavam pela minha existência, cada qual a seu modo, com seu jeito e sua personalidade. Dentre elas, uma que deixaram no alpendre da minha casa…

Segundo avaliação do nosso médico ela devia ter uns quatro anos apenas. Não andava nem falava; salivava constantemente, batia as pequenas mãos uma na outra e permanecia de corpo hirto.

Nunca ninguém dela apareceu para visitá-la; se o fez, não houve quem percebesse. Demos-lhe o nome de Carmem Lúcia e, devido ao seu quadro de saúde, a equipe médica disse que ela viveria até os 14 anos, mas viveu até os 31; coincidência, também comigo os doutores oftalmologistas deram-me 15 anos de visão; passados os três lustros, eu não mais enxergaria; tanto foram os mistérios desta existência que a menina quase chegou aos quarenta de idade e eu, quase aos oitenta, tenho a visão preservada; tudo, no entanto, graças aos enigmas de uma fé racionada, forjada na luta, na crença e numa vontade denodada de viver; se bem que hoje, nem tanto…

O ponto alto desta narrativa aconteceu há 22 anos, após o desenlace de Carmem Lúcia quando parei meu Vectra 98 à sombra alvissareira de rósea paineira, me entreguei à meditação; passeando os olhos pelos canteiros da floricultura pública, sem fixar a visão em lugar nenhum, vislumbrei a presença de alguém intangível, uma sombra imaterial de alguém que entrou em telepatia comigo, num diálogo que durou do final daquela tarde ao amanhecer do dia seguinte, quando, então, fui surpreendido por uma linda e maravilhosa visão sobre uma verdade que me ocorreu ao curso desta existência sem que eu, sequer, viesse a suspeitar de sua veracidade, uma vez que, jamais, esperava que tal viesse a ser possível…

Fica a narrativa para os mais crédulos e argutos estudarem, detidamente, e averiguar se o que conto é produto da verdade ou seria surto do surrealismo. Há muita coincidência, datas e fatos por conferir, se acaso eu duvidasse de uma realidade que vivi.

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