Jovens fogem de casa por rebeldia ou uso de drogas, diz conselheira tutelar

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A orientação que o Conselho Tutelar normalmente dá aos responsáveis quando há algum menor desaparecido é que primeiramente deve-se fazer o Boletim de Ocorrência

ANA CLARA ITAGIBA
(Foto: Ismael Vieira)

A adolescência é uma fase da vida considerada bastante conflituosa. Como se sabe, isso acontece porque é um momento em que o indivíduo passa por mudanças físicas e psicológicas, o que acaba gerando conflitos internos e externos. Diante disso, alguns filhos passam a ter dificuldade de manter um relacionamento tranquilo e saudável com os pais. Como solução, boa parte deles começa a pensar em fugir de casa. Enquanto alguns mantêm a ideia na cabeça, outros de fato a executam.

Prova disso são os dados que estão disponíveis no Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos. São 368 crianças e jovens com a média de idade entre 4 e 14 anos, que atualmente possuem um paradeiro desconhecido, em todo o Brasil. No ranking do banco de dados nacional, Goiás é o 6° estado com maior número de menores de idade desaparecidos, com nove meninos e quatro meninas registrados.

Assim que percebem a gravidade da situação, no desespero os pais passam a divulgar fotos e informações do filho em grupos de WhatsApp. É fácil perceber que a maioria é de adolescentes do sexo feminino e que poucos dias depois, geralmente, é divulgado que ele foi localizado.

etieneA presidente do Conselho Tutelar da Região Leste de Anápolis, Etiene Garcez Machado (foto), explica que o que mais motiva essas fugas entre jovens são envolvimento com drogas, prostituição e rebeldia. “Hoje em dia cresceu muito o número de [casos de] indisciplina. Apronta na escola, fica com medo dos pais e foge. Está com um namoradinho e os pais não aceitam o relacionamento, aí foge também”.

A orientação que o Conselho Tutelar normalmente dá aos responsáveis quando há algum menor desaparecido é que primeiramente deve-se fazer o Boletim de Ocorrência na Polícia Civil. Feito isso, devem retornar ao Conselho, para depois entrar em contato com um veículo de comunicação para divulgar a imagem do desaparecido.

De acordo a conselheira, na maioria dos casos os jovens são encontrados. “Às vezes os pais sabem onde a pessoa está, o endereço e com quem. Nesses casos, eles nos passam essas informações e então acionamos a polícia para que eles busquem o adolescente. Damos uma advertência nele, conversamos, mandamos para atendimento psicológico, às vezes até atendimento médico e depois nós devolvemos para os pais”, disse Etiene.

O retorno do jovem para casa pode gerar mais conflitos entre a família e por isso os conselheiros também conversam com os responsáveis para orientar sobre qual a melhor forma de lidar com o jovem.

Quando é caso de envolvimento com drogas o menor é encaminhado para um centro de reabilitação. Quando não querem, o Conselho Tutelar manda um relatório para o Ministério Público, pedindo uma apreensão compulsória.

Orientação
Os conselheiros fazem palestras sobre o assunto nas escolas quando podem. “Nossa demanda é muito grande. Nós somos dez conselheiros para a cidade toda. Hoje a cidade tem, eu acredito que mais de 400 mil habitantes, nós devíamos ter quatro Conselhos Tutelares, mas só temos dois. Então a nossa demanda é muito grande. Fazemos essas palestras quando uma escola está com grande demanda e os diretores nos convidam”, concluiu.

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