Uso de cadeirinha é ignorado no perímetro urbano de Anápolis, diz Polícia Rodoviária Federal
“A criança não tem a segurança que o adulto tem de ficar sentado, ao usar o cinto. Ela é mais vulnerável”, diz policial rodoviário
ANA CLARA ITAGIBA
Mais de 12 mil crianças foram hospitalizadas em 2016 no Brasil devido a acidentes de trânsito. Os dados são do Ministério da Saúde e quem faz o alerta é a concessionária Triunfo Concebra, ao lançar a campanha de conscientização “As crianças crescem. As cadeirinhas mudam. A segurança permanece”, no fim de setembro deste ano. A iniciativa faz parte de uma campanha de orientação, realizada anualmente, que é reforçada durante os feriados, recessos e férias, períodos em que as pessoas mais pegam as estradas. O objetivo este ano foi lembrar que boa parte desses acidentes poderia ser evitado se as crianças estivessem em cadeirinhas.
Infelizmente, esse tipo de acidente acontece com muita frequência nas rodovias que cortam o Estado. Há aproximadamente um mês, durante o feriado de 7 de setembro, um acidente desse tipo aconteceu perto de Rio Verde. Um carro se envolveu em uma colisão frontal com outro veículo e a criança, de apenas seis anos, que estava dentro e não usava assento de elevação e o cinto de segurança, foi arremessada a mais de três metros para fora. Ela não resistiu aos ferimentos.
“A criança não tem a segurança que o adulto tem de ficar sentado, ao usar o cinto. Ela é mais vulnerável, pois o cinto de segurança foi feito para o adulto e não tem a altura da criança. Na verdade ele [o cinto] garante a fixação da cadeirinha no banco do carro”, esclarece o chefe de Núcleo de Policiamento da Delegacia de Anápolis da Polícia Rodoviária Federal, Luciano Clemente.
Luciano afirma que muitos pais insistem em não tomar a medida de segurança, mesmo após sete anos de vigor da Lei da Cadeirinha no Brasil. Segundo ele, muitos dão desculpas por não estarem cumprindo as regras. “A maioria das vezes dizem que estão fazendo um trajeto muito curto, dando só uma carona ou a cadeirinha ficou em casa”, conta Luciano ao afirmar que em Anápolis a prática é muito comum, principalmente no perímetro urbano.
Andar sem cadeirinha é considerada uma infração gravíssima e o valor da multa é R$ 293 e sete pontos na carteira. Além disso, o veículo só é liberado depois que o responsável mostra dispositivo inserido no carro.
Riscos
Os riscos são muitos e além da criança, os outros passageiros também estão envolvidos. “Quando o passageiro do banco de trás esta sem cinto, é arremessado contra o banco da frente. Em uma colisão frontal ele vai ser arremessado para frente e vai empurrar a pessoa que está no banco da frente, gerando fraturas gravíssimas. Então não custa nada seguir as orientações”, aconselha.
Resolução
Segundo o Conselho Nacional de Trânsito (Contran), crianças de zero a um ano devem usar o bebê-conforto ou poltrona reversível voltados para a traseira do veículo. De um a quatro anos têm de usar cadeirinha. Já de quatro a sete anos e devem usar assento de elevação, ou “booster”, com o cinto de segurança de três pontos do carro. De sete anos e meio a 10 anos devem viajar no banco traseiro com o cinto de segurança do veículo, sendo que, o mesmo se aplica a carros que não tenham banco traseiro ou em que não seja possível instalar cadeirinhas. Mesmo assim, especialistas, não recomendam que crianças viajem no banco da frente.
SAIBA MAIS
Bebê-conforto: utilizado para transportar recém-nascidos desde a saída da maternidade até completar um ano ou até 13 quilos. A criança deve ficar virada para trás, de costas para o motorista. Isso porque, em caso de batida ou freada brusca, o bebê não se machuca, já que nos primeiros meses o pescoço ainda é muito frágil e não consegue suportar bem a cabeça. As tiras do cinto de segurança do dispositivo têm protetores acolchoados, que devem ficar em cima dos ombros. Também é importante que elas fiquem bem ajustadas ao corpo, com um dedo de folga. É preciso prender o equipamento com o cinto de segurança de três pontas do veículo, passando pelos locais indicados.
Cadeirinha: essa escolha é um pouco mais complexa e exige atenção à descrição da peça na hora da compra. Os modelos variam, mas no geral são indicados para crianças de 9 kg a 25 kg. A indicação do grupo para o qual o produto se destina está especificada sempre na caixa e no manual de instruções. Nessa peça, a criança utiliza o cinto de segurança da cadeira, que é fixada com o cinto do carro. Alguns modelos têm regulagem de inclinação, o que traz mais conforto. O cinto de segurança da cadeirinha deve estar bem ajustado ao corpo, sempre cuidando para não deixar muito apertado. A maioria dos modelos se adapta ao crescimento da criança, e quando ela tiver 15 kg, o cinto do dispositivo não é mais utilizado. A partir daí a criança é presa com o cinto do próprio carro, que prende ela e a cadeira ao mesmo tempo.
Assento de elevação com encosto: Nesta fase a criança utiliza o assento com encosto para garantir que o cinto do carro fique colocado na posição correta do corpo da criança.