Projeto Pró-Água pretende fazer “reabilitação ambiental” de Anápolis

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O primeiro passo é realizar o plantio de 10 mil mudas de ipês amarelos na Avenida Brasil

ANA CLARA ITAGIBA

As chuvas no início de outubro não foram suficientes para amenizar o clima seco e a alta temperatura de Anápolis dos últimos meses. Entretanto, não é somente a chuva que contribui para que o clima urbano seja mais agradável. As árvores também possuem um papel importantíssimo nesse cenário, mas infelizmente, devido à rápida expansão do município, a cobertura vegetal não é o suficiente para auxiliar nesse processo.

Estudos recentes da Universidade de São Paulo (USP) mostraram que o clima pode diminuir até 2ºC se a região tiver 20% de cobertura vegetal. Isso acontece porque no momento em que a árvore faz a fotossíntese, transforma energia luminosa em energia química. Nesse momento, ela retém o carbono do ambiente ocasionando na baixa da temperatura do planeta. Além de controlar a temperatura, a árvore limpa o ar e ajuda a completar o ciclo da água. Ela também facilita a permeabilidade da água para o lençol freático, fazendo com que haja o controle natural da época das cheias reabastecendo os grandes bolsões de água que existem nos subterrâneos das cidades.

O secretário municipal de Habitação, Planejamento Urbano e Meio Ambiente, Daniel Fortes, diz que a cobertura vegetal deve ser feita ao longo dos anos de acordo com o crescimento da cidade. “O que estamos tentando fazer hoje é mostrar para a sociedade que a perda é muito maior pela supressão dessa área vegetal do que pela conservação dela”, afirma.

Diante disso, a Secretaria de Meio Ambiente desenvolveu o Pró-Água, que tem como objetivo fazer a reabilitação ambiental de Anápolis, contribuindo assim para o retorno da biodiversidade no município. O primeiro passo é realizar o plantio de 10 mil mudas de ipês amarelos na Avenida Brasil. Depois serão feitos full gardneres em vários pontos da cidade, com plantas nativas do Cerrado, como por exemplo, os pequizeiros.

Além disso, existe a possibilidade de criação do selo Pró-água para propriedades que são Áreas de Preservação Permanente (APP) e que estão com todas as adequações exigidas pela lei, além de escolas que desenvolvem ações para preservar o meio ambiente. “É muito além do que uma árvore pode fazer por nós, mas sim o que nós podemos fazer reabilitando o meio ambiente”, disse o diretor de Meio Ambiente, Antônio Zayek, que é um dos idealizadores do projeto.

Daniel Fortes e Antônio Zayek explicaram que para que isso se torne realidade, é necessário que a população abrace a causa. “Nós estamos desenvolvendo um portal para que as pessoas possam interagir e trabalhar juntas no sentido de recuperar a cidade e recuperar as nascentes. Imagine um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) que o Ministério Público impõe para uma empresa, pode ser pago em mudas ou na garantia de cuidados com uma floresta. Uma fazenda que está com as nascentes degradadas e uma escola que tem um projeto educacional de meio ambiente. Nós queremos juntar esses três para que eles executem esse projeto, sob a supervisão da secretaria”, explica El Zayek.

Daniel acredita que se conseguirem disseminar essa semente em Anápolis e Goiás, haverá uma mudança considerável para as próximas gerações no que diz respeito à conservação, manutenção e o retorno de água e do clima.

Ainda não é possível saber exatamente quantas árvores existem em Anápolis e quanto devia ter para que o clima seja o ideal, mas a Secretaria de Habitação, Planejamento Urbano e Meio Ambiente tem discutido maneiras de fazer compensações ambientais. Para isso, é necessário saber quanto de biomassa é removida de um lugar para fazer um empreendimento e quanto precisa ser restituída para o meio ambiente. “Estamos contratando uma ferramenta de geoprocessamento que faz parte do projeto de modernização da prefeitura. Ela vai permitir que façamos o mapeamento do maciço verde do município e assim saber exatamente os melhores pontos para receber a reabilitação”, informou Daniel Fortes.

Manual
A Secretaria de Habitação, Planejamento Urbano e Meio Ambiente também escreveu um Manuel de Arborização Urbana, para que a população saiba qual a melhor forma de se plantar uma árvore, detalhando qual é o porte ideal, como cultivar e como cuidar ao longo dos anos, até que ela, por si só, se mantenha. “Esse manual será lançado junto com a aprovação da Lei de Parcelamento Urbano, inclusive para que os próximos parcelamentos e loteamentos ele seja seguido”, contou o secretário.

Poda
Assim com o plantio de mudas é fundamental, a poda de árvores também se faz necessária em alguns momentos. Segundo o secretário, a poda acontece quando o proprietário do terreno faz uma solicitação e o fiscal da secretaria autoriza. “A gente encaminha uma equipe técnica para que avalie a situação da própria árvore para ver se ela está doente, se ela está sadia. Fazemos um parecer técnico e em cima disso a gente proporciona ou não a poda”, explica Daniel Fortes.

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