Foi um ato rasteiro da direção nacional do partido, diz Baldy sobre intervenção no Podemos
Membros do Podemos em Goiás realizam reunião em Anápolis contra decisão da executiva nacional de destituir o presidente regional
MARCOS VIEIRA
Anápolis foi palco de encontro do Podemos, na última quinta-feira (9), para discutir o que os membros da sigla em Goiás vão fazer após a direção nacional ter destituído o presidente do diretório estadual, Adriano Avelar. O deputado federal Alexandre Baldy esteve à frente do encontro, que deliberou que os goianos agirão em bloco em relação ao comando nacional. Ou seja, em caso de rompimento definitivo, prefeitos, vices e vereadores deixarão juntos o Podemos. Na entrevista a seguir, concedida ao JE após o evento, Baldy diz que o descontentamento com o diretório de Goiás teve início a partir da negativa em conceder todo o tempo de televisão que o partido tem direito para falar somente do pré-candidato à presidência Álvaro Dias.
O que foi deliberado na reunião?
O partido recebeu aqui em Goiás uma triste notícia que foi a destituição do presidente Adriano Avelar após muitos meses de trabalho de construção da sigla. Mais de 50 municípios vieram participar do encontro aqui em Anápolis para deliberar sobre a indignação desse ato rasteiro da direção nacional de ter buscado essa centralização das decisões de um partido que propõe a democracia, o diálogo, que quer discutir com a população suas necessidades. [Foi] Um ato hostil de querer buscar o tempo de televisão do diretório estadual única e exclusivamente para divulgação do candidato a presidente da República. Nós repugnamos tal atitude, pois é algo que vai contra, inclusive, o documento de fundação do Podemos.
O que os membros presentes no encontro decidiram?
Todos os vereadores, prefeitos e vice-prefeitos foram extremamente gentis em conceder apoio e solidariedade [ao presidente Adriano Avelar]. Se for sustentado o afastamento do presidente Adriano Avelar, será discutida a permanência ou não dessas pessoas no partido.
Essa destituição pretende atingi-lo, já que o senhor se posicionou contrário à direção nacional em alguns momentos?
Eu acredito que não. Acredito que o partido tem tomado posições altamente antagônicas. A própria presidente nacional sempre me pediu para que eu cuidasse da bancada, das posições dos deputados dentro do governo federal. Eu não acredito que tenha sido um ato de vingança contra esses atos, pois todos eles foram pactuados com a presidente nacional, a deputada federal Renata Abreu. Foi sim um ato deliberado que parte de uma visão de que um candidato a presidente da República, ao invés de conquistar seus liderados, conquistar aqueles que podem ajudar seu projeto ser divulgado nos municípios goianos, ele quer determinar a diretriz que essas pessoas sigam e que acompanhem seu projeto.
É um ato que depõe contra um partido que surge com novas diretrizes?
Absolutamente. Um partido que determina que seu pilar principal é a democracia direta vem afastar uma executiva porque não concedeu o tempo de televisão majoritariamente ou quase que exclusivamente para um candidato a presidente da República. Com certeza é incompreensível, incoerente por parte de um projeto que se diz novo e antenado com as decisões que pretendem atender o que espera a sociedade.
Pode ter desdobramento para 2018, ano eleitoral?
Acredito que não. Acredito que as decisões políticas estavam muito alinhadas para poderem ser tomadas. Mas é uma decisão que pode prejudicar o partido em Goiás e ter reflexo em outros Estados por se tratar de uma decisão ditadora, centralizadora e que demonstra total incoerência com aquilo que tenta vender perante a população em todo o Brasil.