Vacina contra febre amarela disponível em todos os postos

Júlio César Spíndola 19,01,18 (3)

Como poucos têm ido se imunizar, em alguns lugares, a vacinação tem ocorrido em dias agendados

ANA CLARA ITAGIBA

A vacinação contra a febre amarela está acontecendo ininterruptamente em todas as unidades de saúde de Anápolis. Cada lote contém dez frascos com validade de apenas 6 horas depois de aberto e como poucos têm ido se imunizar, em alguns lugares, a vacinação tem ocorrido em dias agendados. Para receber a dose, a pessoa deve estar com o cartão de vacinação em mãos, comprovando que realmente precisa. Por enquanto não haverá dia “D” da campanha no município.

A apreensão nacional aumentou depois que São Paulo entrou em estado de alerta ao registrar 40 casos da doença, com 21 mortes e mais de 200 infecções em apenas algumas semanas. Minas Gerais já contabilizou 11 mortes, de um total de 46 casos confirmados, de julho do ano passado até agora. Rio de Janeiro e Bahia também registraram casos. Em Goiás, ainda não houve registro de casos, mas o Ministério da Saúde definiu que quem já tomou a vacina uma vez na vida, não precisa tomar outra dose, mesmo que tenha sido há mais de 10 anos.

A imunização é indicada para todos aqueles quem tem de nove meses até 60 anos de idade, que não tenham nenhuma contraindicação. Pessoas que, por alguma razão, estejam com o sistema imunológico comprometido, gestantes, alérgicos a ovo e bebês com menos de seis meses não devem tomar a vacina. Recomenda-se que mães lactantes de bebês com menos de seis meses sejam individualmente avaliadas para saber se há risco. “Todas essas recomendações foram feitas porque a vacina é muito forte, muito potente”, explica o coordenador de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), Júlio César Spíndola.

Sobre as pessoas que não podem vacinar, Júlio César afirma que acredita-se que a maioria delas já tomou pelo menos uma dose na vida. “Como o protocolo define que uma vacina já resolve o problema, estamos seguros com relação a isso”.

De acordo com ele, o que preocupa é a revacinação. “A pessoa que vacinou há pouco tempo não pode vacinar de novo. Há quem perde o cartão e omite informações na hora de falar os dados, por medo da epidemia. Isso não é bom porque não sabemos quais são os efeitos colaterais. É como se fosse um medicamento. Se você tomar uma dose acima da estipulada, ele pode causar um efeito adverso. Isso é perigoso”.

Desde dezembro de 2016, foram contabilizadas ocorrências de febre amarela em macacos em 21 estados brasileiros e no Distrito Federal, com 788 casos em seres humanos. Entre esses, 265 acabaram morrendo.

Viral
A febre amarela é uma doença viral aguda que é transmitida por vetores ao picarem macacos infectados. Os sintomas incluem febre, calafrios, perda de apetite, náuseas, dores de cabeça e dores musculares, principalmente nas costas.

Como os sintomas são comuns de outras doenças, o coordenador de Vigilância Sanitária deixou algumas orientações para que a população se mantenha atenta. “A primeira coisa é a pessoa ter o cartão de vacinação. Ter esse cartão completo, olhar direitinho o que precisa. Isso é algo muito importante. Caso sintam alguns desses sinais, procure uma unidade de saúde mais próxima da sua casa para que o médico faça a triagem o mais rápido possível”, aconselha.

Fracionamento
Onde acontece a epidemia, será aplicada a dose fracionada. Isso significa que mesmo quem já tomou uma vez a vacina da febre amarela, irá tomar outra dose menor para reativar os anticorpos no organismo. “O Ministério estipulou isso agora no Brasil e ainda não é em todos os estados. Estão fazendo isso baseado em estudos”, explica o coordenador de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde, Júlio César Spíndola.

Febre amarela: sintomas, transmissão e prevenção

Sintomas
A febre amarela é uma doença infecciosa grave, causada por vírus e transmitida por vetores. Geralmente, quem contrai este vírus não chega a apresentar sintomas ou os mesmos são muito fracos. As primeiras manifestações da doença são repentinas: febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos por cerca de três dias. A forma mais grave da doença é rara e costuma aparecer após um breve período de bem-estar (até dois dias), quando podem ocorrer insuficiências hepática e renal, icterícia (olhos e pele amarelados), manifestações hemorrágicas e cansaço intenso. A maioria dos infectados se recupera bem e adquire imunização permanente contra a febre amarela.

Transmissão
A febre amarela ocorre nas Américas do Sul e Central, além de em alguns países da África e é transmitida por mosquitos em áreas urbanas ou silvestres. Sua manifestação é idêntica em ambos os casos de transmissão, pois o vírus e a evolução clínica são os mesmos — a diferença está apenas nos transmissores. No ciclo silvestre, em áreas florestais, o vetor da febre amarela é principalmente o mosquito Haemagogus. Já no meio urbano, a transmissão se dá através do mosquito Aedes aegypti (o mesmo da dengue). A infecção acontece quando uma pessoa que nunca tenha contraído a febre amarela ou tomado a vacina contra ela circula em áreas florestais e é picada por um mosquito infectado. Ao contrair a doença, a pessoa pode se tornar fonte de infecção para o Aedes aegypti no meio urbano. Além do homem, a infecção pelo vírus também pode acometer outros vertebrados. Os macacos podem desenvolver a febre amarela silvestre de forma inaparente, mas ter a quantidade de vírus suficiente para infectar mosquitos. Uma pessoa não transmite a doença diretamente para outra.

Prevenção
Como a transmissão urbana da febre amarela só é possível através da picada de mosquitos Aedes aegypti, a prevenção da doença deve ser feita evitando sua disseminação. Os mosquitos criam-se na água e proliferam-se dentro dos domicílios e suas adjacências. Qualquer recipiente como caixas d’água, latas e pneus contendo água limpa são ambientes ideais para que a fêmea do mosquito ponha seus ovos, de onde nascerão larvas que, após desenvolverem-se na água, se tornarão novos mosquitos. Portanto, deve-se evitar o acúmulo de água parada em recipientes destampados. Para eliminar o mosquito adulto, em caso de epidemia de dengue ou febre amarela, deve-se fazer a aplicação de inseticida através do “fumacê”. Além disso, devem ser tomadas medidas de proteção individual, como a vacinação contra a febre amarela, especialmente para aqueles que moram ou vão viajar para áreas com indícios da doença. Outras medidas preventivas são o uso de repelente de insetos, mosquiteiros e roupas que cubram todo o corpo.

Fonte: Fiocruz

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