Anápolis fica atrás de Aparecida em ranking do emprego

Construção

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Apesar da melhora de 2017 em relação ao ano anterior, o município é 26º lugar em ranking nacional do Caged, enquanto Aparecida aparece em segundo lugar

ANA CLARA ITAGIBA

O mercado de trabalho de Anápolis fechou o ano de 2017 com saldo positivo, interrompendo uma forte recessão vivida em 2016, mas mesmo assim a economia local está longe de ter o desempenho da década passada, um claro sintoma da falta de incentivo público ao setor produtivo.

Ranking das 100 cidades com maior geração de empregos no Brasil, divulgado pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), órgão do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), coloca Anápolis em 26º lugar, enquanto Aparecida de Goiânia – principal concorrente dos anapolinos na atração de indústrias – é a segunda colocada em todo o País. Goiânia é a quarta na abertura de novas vagas de trabalho.

Enquanto Anápolis criou 1533 vagas no ano passado, Aparecida abriu 4342 postos de trabalho e Goiânia, 3880. A líder no país é a cidade de Joinville (SC), com abertura de 5588 vagas em 2017. O presidente da Associação Comercial e Industrial de Anápolis, Anastacios Apostolos Dagios, que também preside o Sindicato das Indústrias de Construção Civil de Anápolis (Sinduscon), evidencia o pessimismo em relação ao resultado do ranking quando é lembrado que a cidade é a terceira maior de Goiás. Ou seja, apesar do tamanho da economia, há uma clara estagnação quando os postos de trabalho crescem em ritmo menor que o normal.

Mesmo a construção civil, setor de atuação profissional de Anastacios, ter voltado a crescer em 2017, com abertura de 200 postos de trabalho – em 2016 foram fechadas 401 vagas – o líder classista faz uma avaliação ruim do cenário. “A construção civil em Anápolis está estagnada, não está reagindo como deveria. Há uma série de fatores que contribuem para isso e o Estado e a Prefeitura têm grande parcela de culpa”, afirmou o empresário. Para ele, a demora na liberação de alvarás por parte do poder público faz com que o setor fique parado.

No dia 24 de janeiro a Prefeitura de Anápolis fez o lançamento do sistema online de emissão de alvará de construção. Segundo os responsáveis, caso não haja nenhuma ressalva nos documentos, o prazo de finalização do processo, que demorava entre 45 e 60 dias, foi reduzido para até 48 horas.

A burocracia dos últimos anos fez com que os empresários anapolinos deixassem de investir por aqui para construir em outros municípios e até em outros estados. “Há dois anos não temos nenhum lançamento aqui. Os que tiveram foram produtos do ‘Minha Casa, Minha Vida’ que são de empreiteiras de fora”, conta o presidente da Acia e Sinduscon.

Anastacios reconhece que houve um crescimento positivo do setor no último ano, mas considera que o saldo só foi favorável porque foi comparado ao ano anterior, um ano de recessão econômica. “A economia está se recuperando do prejuízo de 2016, mas o índice de desemprego continua alto”, afirmou o empresário.

Balanço
Anápolis conseguiu criar 1533 postos de trabalho em 2017, enquanto em 2016 foram fechadas 2828 vagas. O setor de serviços industriais de utilidade pública – como energia elétrica, água e saneamento – teve um declínio considerável no período analisado, com fechamento de 96 vagas no ano passado e outras 44 em 2016.

O melhor desempenho em 2017 foi do setor de serviços, com 12414 admissões e 11420 demissões, o que dá um saldo de 994 vagas abertas. A indústria de transformação também teve melhor performance no ano passado, com saldo positivo de 273 postos de emprego. Em 2016 o cenário foi catastrófico, com fechamento de 981 vagas.

O comércio, geralmente um grande empregador, não tem conseguido o mesmo resultado de outros anos em Anápolis. Em 2017 foram criadas 165 vagas, enquanto em 2016 foram fechadas 636, um desastre para uma área da economia mais ampla em termos de absorção de força de trabalho.

A coordenadora do curso de Ciências Econômicas do campus Anápolis da Universidade Estadual de Goiás (UEG), professora Adriana Pereira de Sousa, diz que não dá para analisar o quadro atual sem remeter ao ano de 2014, quando a crise econômica e política começaram no Brasil. De acordo com ela, economista de formação, 2016 foi o ano em que a instabilidade foi mais acentuada e por isso o Produto Interno Bruto (PIB) ficou negativo. Nesse contexto e participando ativamente da economia do país, Anápolis sofreu diretamente os efeitos dessa recessão, tendo como resultado a queda no número de empregos gerados naquele período.

Como foi divulgado pelo Caged, naquele ano os setores que mais sofreram com a redução da atividade econômica no município foram o comércio, com queda de 11,08%, e a construção civil, com 5,17%, em relação ao ano anterior. “Estes são setores que empregam um grande número de trabalhadores e influenciam toda a economia, mas, que em momentos de retração da econômica são os primeiros a sentirem os efeitos e multiplicar esse efeito por toda a economia”, explicou a especialista.

Em 2017, após esse período crítico de recessão e certa estabilidade política, a economia
começou a reagir positivamente, entretanto de forma lenta. “O país já apresentou um PIB positivo a partir do segundo trimestre, refletindo em uma recuperação. Nesse contexto, Anápolis também mostra sinais de recuperação refletindo diretamente na geração de empregos, que teve um aumento em 2017”, expôs.

Segundo Adriana, como a construção civil é o mais impactado pelo comportamento da economia, quando há uma melhora no cenário e na expectativa, há um investimento maior, o que resultou nesse aumento de 16,67% na geração de empregos neste setor. No entanto, o setor de serviços industriais de utilidade pública apresentou uma queda ainda mais acentuada em 2017. “Provavelmente isso se deve aos cortes nos gastos públicos, gerando queda nos repasses aos municípios e, também, ao compromisso dos estados e municípios em não elevar suas despesas nos próximos 20 anos, o que, certamente refletiu negativamente neste setor”, observou a economista.

De acordo com a economista Adriana Pereira, a expectativa para 2018 é de continuidade da recuperação econômica, contudo de forma não muito acentuada. “A tendência é de crescimento moderado, e, portanto deverá haver um aumento na geração de empregos, porém não muito acelerada. Isso deve permanecer até o final de 2019, considerando que ano que vem será o primeiro ano após as eleições presidenciais e a economia estará observando como o novo governo se comportará”.

A professora explicou que a partir da sinalização e das ações do novo governo a economia demonstrará se confia nas decisões políticas e financeiras que serão tomadas e, em caso afirmativo, as atividades econômicas terão resultados bem mais positivos em um futuro próximo, ou seja, de 2019 em diante. “A expectativa inicial é positiva, contudo com um comportamento cauteloso e dependente da reação do próximo governo”.

Nesse contexto, segundo a especialista, Anápolis tende a acompanhar o comportamento da economia nacional, isto é, expectativas positivas, porém agindo com cautela. “A tendência é de elevação moderada no número de empregos no município de Anápolis para os próximos dois anos”, antecipou.

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