Em dois anos, Patrulha Maria da Penha de Anápolis soma 25 prisões em flagrante

maria da penha

Somente em 2017 foram realizadas 529 averiguações, 348 acompanhamentos de medidas protetivas e 223 monitoramentos

ANA CLARA ITAGIBA

Desde que a Patrulha Maria da Penha foi instalada em Anápolis, 25 flagrantes foram registrados. Somente em 2017 foram realizadas 529 averiguações, 348 acompanhamentos de medidas protetivas, 223 monitoramentos, 34 apoios para retirada de pertences pessoais e 12 prisões em flagrante. O projeto, implantado há dois anos pelo Governo de Goiás por meio da Secretaria Cidadã em parceria com a Secretaria de Segurança Pública, tem como objetivo atuar preventivamente no atendimento qualificado às ocorrências de violência doméstica. As denúncias são feitas pelo telefone: (62) 99939-9581.

A tenente Daiene Holanda assumiu novamente o comando da Patrulha Maria da Penha de Anápolis no último dia 16 de fevereiro, após ser afastada por licença maternidade. De acordo ela, que participou de todo o processo de elaboração e implantação do projeto na cidade, muitas solicitações chegam pelo Whatsapp, entretanto, poucas vítimas registram a ocorrência na delegacia. “Esse é o maior desafio da nossa equipe. É difícil ajudar quando não sabemos o que está acontecendo. Muitas sofrem caladas, mas nós estamos aqui para apoiá-las”, contou a comandante ao explicar que muitas preferem manter o silêncio porque sentem-se humilhadas e envergonhadas por estarem sendo agredidas pelo próprio filho ao companheiro.

O trabalho tem resultados distintos. Em alguns casos, basta uma visita da equipe para o agressor parar de agir violentamente com a vítima. Todavia, existem casos que acabam na delegacia com o flagrante pela Lei Maria da Penha. “A maioria dos casos que nós trabalhamos envolvem o acompanhamento das mulheres que já sofreram agressões e querem continuar vivendo com os agressores. Nesses casos, procuramos não entrar na intimidade da mulher, nós só apoiamos no que ela precisar”.

A tenente Daiene, acredita que houve avanços consideráveis nesses dois anos de atuação do grupo. “Além do trabalho da Polícia Militar em si, nós temos a oportunidade de fazer um trabalho social, ao ajudar quem não tem com quem contar. É gratificante. Nós acompanhamos as mudanças na vida de muitas mulheres”, explicou.

No entanto, existem algumas questões que devem ser aprimoradas. A comandante do programa acredita o aumento da equipe beneficiaria bastante a população, já que a violência doméstica ainda é muito comum. “A Patrulha Maria da Penha é o que a mulher tem de mais próximo, porque o registro na delegacia, o apoio psicológico e dos outros órgãos que também apoiam vem depois. Nós somos o primeiro contato que ela tem. Nesse ponto, uma equipe especializada para esse tipo de ocorrência daria muito mais de resguardo e tranquilidade para a mulher contar o que está acontecendo com ela. É uma coisa muito íntima”, pontuou.

Parceria
No último dia 16 de fevereiro aconteceu no Fórum de Anápolis o lançamento do Grupo Reflexivo para Autores de Violência Doméstica. O público alvo são homens acusados de praticar este delito e durante as reuniões, que estão acontecendo semanalmente, há discussões voltadas para a conscientização a respeito de questões de gênero.

Os autores dos crimes incursos na Lei Maria da Penha serão obrigados a participar dos encontros como uma das medidas que condicionam a liberdade. O foco é promover o desenvolvimento de recursos e habilidades não violentas no âmbito das relações interpessoais, especialmente conjugais e familiares e, consequentemente, evitar a reincidência na prática do delito. Os grupos estão funcionando de forma integrada com o apoio de profissionais especializados, como: advogados, psicólogos, assistentes sociais e musicoterapeutas.

O projeto da Secretaria Cidadã, em parceria com o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), a Unievangélica, a Faculdade Raízes e a Patrulha Maria da Penha. “O Grupo Reflexivo é um projeto voltado não apenas para o homem, mas consequentemente para a mulher e para toda a família. O nosso papel será fazer o encaminhamento do agressor para o Judiciário, onde eles estarão fazendo o encaminhamento para esse projeto”, explicou a tenente Daiene.

Mensagem
Infelizmente, há quem diga que existem mulheres que gostam de apanhar e por isso não denunciam seu agressor. A respeito disso, a comandante da Patrulha Maria da Penha de Anápolis, citou uma famosa frase que circula nas mídias sociais. “Não existe mulher que gosta de apanhar. Existe mulher que é humilhada demais denunciar, machucada demais para reagir, com medo demais para acusar e pobre demais para ir embora”, pontuou.

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