Diagnóstico precoce do glaucoma é essencial para controle da doença, orienta médica

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ANA CLARA ITAGIBA
(Foto: Ismael Vieira)

alessandra_assisEntre os dias 12 e 18 de março, comemora-se a Semana Nacional do Glaucoma. A campanha foi instituída para levar a conscientização à população, uma vez que a doença é silenciosa e é a principal causa de cegueira irreversível no mundo, correspondendo a 12,3% dos casos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, estima-se que até 2020 haverá 79,6 milhões de pessoas com glaucoma no mundo todo.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SOB), o Brasil já registra 1 milhão de casos da doença, mas considera-se que o número seja muito mais elevado, pois calcula-se que 50% dos seus portadores desconheçam que possuem a doença, justamente pela falta de acesso ao tratamento especializado.

A oftalmologista Alessandra Assis (foto), do Ânima Centro Hospitalar, explica que a doença se desenvolve quando há uma pressão ocular muito grande, que acaba pressionando o nervo óptico, justamente no ponto onde ele deixa o olho para transportar informações visuais para o cérebro.

É uma doença crônica, silenciosa, que não tem cura, mas na maioria dos casos pode ser controlada com tratamento adequado. Para isso, o diagnóstico de ser realizado precocemente, quando as chances de evitar a perda da visão são maiores. Existem vários tipos, entre eles: glaucoma cônico de ângulo aberto, glaucoma agudo ou de ângulo fechado, glaucoma de pressão normal, glaucoma secundário.

O glaucoma crônico de ângulo é o mais comum e pode levar a cegueira se não tratado. Já o glaucoma agudo ou de ângulo fechado ocorre quando um olho normal sofre aumento grande e repentino da pressão intraocular, causando dor ocular intensa que, em alguns casos, chega a provocar crises de vômito.

No caso do glaucoma de pressão normal, o dano ao nervo óptico e o estreitamento da visão lateral ocorrem inesperadamente em pessoas com pressão intraocular normal. Nesses casos, o problema pode levar meses e até anos para se desenvolver.

O glaucoma secundário se desenvolve por conta de outras doenças. Em alguns casos, ele pode estar associado com cirurgias oculares, cataratas avançadas, lesões oculares, alguns tipos de tumor ou inflamação ocular. “Nesses casos, é muito comum surgir em pessoas que tiveram toxoplasmose, e outras doenças que envolvem inflamação dentro do olho”, explica a Dra. Alessandra Assis. Mas atenção! Os corticosteroides, usados para tratar inflamações oculares e outras doenças, podem desencadear o glaucoma em algumas pessoas se usados indiscriminadamente.

O problema também pode afetar crianças e quando isso ocorre é chamado de glaucoma congênito. A criança que nasce com glaucoma, apresenta sintomas característicos, como olhos embaçados, sensibilidade à luz, lacrimejamento excessivo, globo ocular aumentado e córnea grande e opacificada. Essas alterações são decorrentes do aumento da pressão intraocular que pode acontecer já durante a gestação.

Os principais fatores de risco são: histórico familiar, pressão intraocular, idade acima de 40 anos, diabetes, presença de lesões oculares e descendência negra. Por isso a Sociedade Brasileira de Oftalmologia recomenda consultas anuais a todos que já têm 40 anos ou mais. Quem tem histórico familiar deve consultar um oftalmologista mais assiduamente.

Diagnóstico
O diagnóstico é realizado por meio da avaliação do fundo olho e do nervo óptico, onde a pressão na região é aferida. A partir desses dois, o oftalmologista pode solicitar uma série de exames complementares para ajudar a analisar o caso mais a fundo. “Basta o paciente ir à consulta que ele irá que esses exames serão realizados, então podemos descartar ou não o glaucoma logo de cara. Faço com todos os meus pacientes. Ninguém passa batido, porque realmente é muito importante”, afirma a oftalmologista.

Tratamento
O primeiro passo do tratamento é o uso do colírio receitado pelo oftalmologista. Entretanto, há pacientes que precisam fazer uso medicamentoso e outros que a única solução é cirúrgica. “O glaucoma é uma doença muito mais comum do que se imagina e diferente das doenças sistêmicas fortes, como diabetes, pressão alta, que a população já está alertada, ele é assintomático na maioria da população. Então a nossa ideia é levar o glaucoma ao patamar de doenças como diabetes e Hipertensão. É uma doença que não tem cura, tem tratamento, mas que exige que as pessoas vão ao médico para fazer o diagnóstico. Exige atenção da população”, concluiu a oftalmologista Alessandra Assis.

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