Vazio existencial político | por Marcos Vieira

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Qual o grande apelo que o eleitor fará aos candidatos a presidente na disputa deste ano? Educação, saúde e segurança pública são demandas óbvias em um país em que há gente morrendo de bala perdida praticamente toda semana, as escolas públicas não conseguem ensinar e uma maca em um corredor de um hospital totalmente desaparelhado talvez seja o único local que um cidadão que paga sem impostos terá na hora da assistência médica.

É impensável também que qualquer um dos candidatos pregue a honestidade como principal virtude. Nossas mães já nos disseram que esse tipo de qualidade não deve ser propagada como banda em propaganda de refrigerante. Quem é honesto, inclusive, nem precisa dizer que é. E convenhamos, político que fala em honestidade na televisão vira caricatura do Paulo Maluf.

O que existe é um tipo de vazio existencial na política. A desesperança eliminou qualquer desejo da população, que depois de ser enganada tantas vezes, nem se atreve a sonhar com melhorias para o Brasil. Ninguém fala em um futuro melhor porque com os homens públicos que estão aí, soa ingênuo que alguém acredite que eles possam abrir mão de seus projetos pessoais em nome da coletividade.

O ano de 2018 então é uma imensa faixa cinza na linha do tempo. Para trás ficou a esperança que nasceu após uma época verde oliva. Agora só nos lamentamos pelos votos, pelos rumos tomados e, pior, nos dividimos. Se quisermos que tudo clareie para que possamos escrever algo novo, primeiro precisamos entender que essa torcida idiota por quem prega ideias extremistas não será benéfica.

Não há estadistas. Apostamos até em apresentadores de televisão quando na verdade precisamos de alguém preparado intelectualmente e que conheça as agruras do povo pobre. É por aí que se precisa apontar primeiro: o resgate de famílias que caíram na miséria quando a crise econômica atingiu a todos. É gente que havia melhorado de vida, mas que a fragilidade de suas condições a fizeram retornar para o limbo na primeira grande dificuldade.

Como acreditar em alguém cuja turma é a essa que está no poder? Gente que rouba e ainda assim segue impune. Como confiar naqueles que foram apeados do poder e, apenas para provar algo para seus adversários, decidiram que devem retornar à cadeira presidencial? Ainda assim há muita gente que nunca esteve lá, no Palácio do Planalto, mas sempre ocupou bons cargos e frequentou os melhores salões de Brasília.

O vazio existencial na política é gigantesco e parece que não há nada que capaz de preenchê-lo. Os dias avançam e os partidos brigam pelo dinheiro do fundo partidário e a Justiça se encarrega de facilitar ainda mais a vida do candidato cheio da grana.

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