Eleições 2018: já testado nas urnas, vereadores são opções seguras para os partidos

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Siglas preferem optar por quem já tem uma base de eleitores consolidada e é conhecido pela população, o que faz Câmara Municipal já ter dez pré-candidatos a deputado

MARCOS VIEIRA

O processo eleitoral segue silencioso publicamente, mas a movimentação nos bastidores começa a ganhar ritmo, com os partidos em busca de bons nomes para a disputa de deputado estadual. A falta de disposição de líderes da sociedade civil organizada em entrar na política, o que atenderia ao menos parcialmente o perfil esperado pelo eleitorado, tem feito com que as siglas busquem segurança na campanha, ou seja, candidatos já testados nas urnas.

O principal foco de candidaturas em Anápolis desde sempre é a Câmara Municipal. Neste ano, mais uma vez, um número considerável de vereadores deve se lançar na disputa. A Casa tem tradição: o deputado estadual Carlos Antonio (PSDB) foi eleito após dois anos de mandato como vereador, em 2010. Em 2008 o então vereador Antônio Gomide (PT) surpreendeu ao se eleger prefeito de Anápolis, só para ficar em dois exemplos recentes.

Pelo menos 10 vereadores são cotados para a disputa de deputado. Alguns são nomes certos, outros são opções partidárias, mas o entendimento é que a maioria deve acabar topando entrar na campanha. O presidente da Câmara Municipal de Anápolis, Amilton
Filho (SD), faz uma análise minuciosa sobre uma possível candidatura a deputado estadual. A primeira avaliação é interna – junto aos seus auxiliares mais próximos, o jovem político quer saber o quanto uma disputa agora agregaria à sua já sólida carreira pública.

Amilton Filho também só entrará na disputa se reunir elementos que lhes dê condições de vencer. O vereador tem um bom discurso, defende bandeiras que são sensíveis à parcela mais jovem da população, pouco representada politicamente, mas encara a campanha de maneira profissional. Ou seja, sem qualquer chance de torná-la uma aventura.

O presidente da Câmara também analisa uma possível entrada ou não na eleição pelo viés do grupo político no qual faz parte. O entendimento de Amilton passa por uma avaliação conjunta com o prefeito Roberto Naves (PTB) que, obviamente, tem outros quadros na sua base interessados na eleição e para evitar qualquer racha, precisa ponderar todos os cenários.

É o caso, por exemplo, do vereador Leandro Ribeiro (PTB), um dos nomes à disposição dentro do seu partido, mas que possivelmente pode ir para o governo estadual quando José Eliton (OS DB) assumir o mandato, em 7 de abril. Leandro ocuparia a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, hoje com o também anapolino Francisco Pontes. Leandro tem o respaldo do deputado federal Jovair Arantes (PTB) nesta empreitada.

Ainda dentro do PTB, outro pré-candidato a deputado estadual é o vereador Jean Carlos. Ele é considerado um quadro natural para esse tipo de eleição, está no seu segundo mandato e é qualificado, mas pouco tem se pronunciado sobre o assunto. Quando fala, Jean deixa claro que só toparia com o respaldo do seu partido e apoio de um grupo político que lhe dê condições para sair às ruas e pedir votos ao anapolino – nessa lista entraria, claro, o prefeito Roberto Naves.

O vereador Antônio Gomide (PT) já confirmou que é pré-candidato a deputado estadual. Na edição passada, o petista disse ao JE que mantém seu nome à disposição
para a chapa majoritária – governador, vice ou senador – mas que esse entendimento passa pelo apoio em Goiás a uma possível candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva a presidente da República.

Nesta última semana, apoiadores de Gomide já espalharam nas redes sociais alguns banners anunciando sua pré-candidatura a deputado estadual. O entendimento é que o ex-prefeito tenha votos em Anápolis suficientes para ajudar a eleger colegas de chapa, além de ser um bom nome para subir no palanque ao lado do deputado federal Rubens Otoni, que disputará a reeleição.

A mudança de planos de Antônio Gomide mexe com o tabuleiro do PT. O partido em Anápolis tem outros dois nomes vindos da Câmara Municipal e interessados no processo eleitoral: Professora Geli Sanches e Lisieux José Borges. Ambos estão no segundo mandato e almejam sonhos mais altos na carreira política. São também nomes com base eleitoral sólida e bandeiras de luta que podem empolgar o eleitorado.

O Podemos praticamente confirmou a candidatura do vereador Fernando Paiva a deputado estadual. Ele próprio concedeu entrevistas às emissoras de rádio da cidade falando sobre o projeto e esteve ao lado do presidenciável do partido, senador Álvaro Dias, em visita a Anápolis.

Já o PMN deve colocar os seus dois vereadores na eleição deste ano. Teles Júnior e Luzimar Silva já falaram sobre a disposição de participar da campanha. No caso, um seria candidato a deputado estadual e o outro, a federal. O entendimento da direção da sigla é que o crescimento dos quadros passa pela presença nos processos eleitorais – e é isso que o PMN deve fazer também neste pleito geral.

Outra cotada para encarar a eleição é a vereadora Thaís Souza, que tem um bom trânsito na direção estadual do seu partido, o PSL, e é tida como uma boa opção para fazer dobradinha com um postulante a deputado federal. A principal causa defendida por Thaís, os animais, já foi uma novidade (bem aceita) em Anápolis em 2016. A leitura é que também teria uma força semelhante em âmbito estadual.

É lógico que muita coisa vai acontecer. As candidaturas em Anápolis não são definidas apenas por aqui. Há também a vontade dos diretórios regionais que negociam apoios em chapas majoritárias para assim organizarem aqueles que disputarão os cargos proporcionais.

Outro arranjo diz respeito aos deputados federais. Os nomes mais fortes dos partidos precisam de palanques nos municípios, portanto tentam convencer vereadores a aceitarem a disputa de deputado estadual.

Em ambos os casos, as siglas sempre buscam seus quadros nas câmaras municipais, pela simples razão de os vereadores já serem conhecidos e terem uma base formada. A eleição, portanto, tem a possibilidade de redesenhar o Legislativo municipal – em caso de vitória de alguns de seus membros – ou apenas indicar à população qual a popularidade atual de um vereador após dois anos de atuação. As candidaturas serão definidas de fato nas convenções partidárias, que segundo o TSE devem acontecer entre os dias 20 de julho e 5 de agosto.

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