Época dos forasteiros | por Marcos Vieira

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Com seus 262.947 votos, Anápolis volta a ser alvo de deputados neste ano eleitoral. Muita gente que aparece por aqui só nessa época. E tome vontade de discutir os problemas da população local, promessas de engajamento em causas que afligem determinados setores e, lógico, amor fraternal ao povo daqui.

Nem é preciso dizer que se trata de uma estratégia simplória de ganhar votos sem o menor esforço. Também fica óbvio, olhando os últimos pleitos, que a coisa vem dando certo para muita gente. Anápolis é generosa com quem aparece pedindo voto, mas pouco exigente na hora de cobrar a contrapartida dos políticos.

Somos hospitaleiros. Todo mundo que nos bate a porta é bem recebido. Colocamos o visitante na cabeceira da mesa para que todos possam ouvi-lo melhor. É isso que as entidades anapolinas fazem com os deputados que pedem espaço ao visitar a cidade, algo republicano e correto. Mas diante dessa abertura de espaço, nada mais natural que seja exigido o balanço dos últimos anos. “O que Anápolis ganhou com o mandato de vossa excelência?”, seria uma pergunta oportuna numa hora dessas.

Desde que essa história de baixa representatividade começou a incomodar de verdade porque muitos pleitos anapolinos ficaram para trás, nada muda em época de eleição. Muita gente cara de pau mal sabe onde fica a Vila Jaiara, não tem nem noção quais são as demandas do Bairro de Lourdes e muito menos sabe que a cidade tem quatro distritos, mas aparece diante das câmeras como um defensor antigo de Anápolis.

O que se vê desses políticos de temporada é um rosário de clichês ao falar das características anapolinas. Citam o Daia, falam da Base Aérea (que hoje chama ALA 2, mas muitos desconhecem profundamente isso), elogiam o polo educacional e só. Esses nem sabem que aqui não há mais áreas para novas indústrias ou que a violência preocupa todo jovem que sai de casa à noite para estudar em uma faculdade.

Há outra categoria que também deve ser abominada pelo eleitor: os políticos forasteiros que tentam arrebanhar votos do anapolino simplesmente porque são da mesma igreja. É gente que aparece em um culto, amparado pelo líder maior da denominação religiosa, achando que aqueles fieis são obrigados a votarem nele só porque professam da mesma fé.

Sempre lembro que todos esses não estão cometendo nada de errado do ponto de vista legal. Uma vez candidatos, eles tem direito de pedir votos em todo o Estado de Goiás. O vacilo é local. Nossos votos deveriam ter um peso bem maior para nós mesmos, pois sabemos da importância deles para as vitórias dos outros.

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