Presença de mulheres na eleição ainda é bem tímida em Anápolis

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Por enquanto apenas duas mulheres confirmaram que vão entrar na disputa para deputada, a empresária Sirley Oliveira pelo DEM e a ex-miss Anápolis Jeovanca Nascimento

FERNANDA MORAIS

Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de março deste ano mostram que Anápolis tem hoje 140.684 mulheres aptas a votar, ante 123.615 homens. Também no número de habitantes, elas são maioria: 51,2% do total dos 375.142 cidadãos apontados em 2017 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar de ser maioria, a participação feminina ainda é pequena em Anápolis. Prova disso é que entre os 40 nomes de pré-candidatos a deputado estadual com domicílio eleitoral na cidade – em uma lista que só cresce a cada dia – só duas mulheres confirmaram que vão de fato buscar votos na campanha. São elas a empresária do ramo de eventos Sirley Oliveira (DEM) e a ex-miss Anápolis Jeovanca Nascimento (PMN).

É importante frisar que são duas novatas, portanto terão que trabalhar bastante dentro de seus partidos para conseguirem, enfim, serem homologadas como candidatas. Sirley Oliveira enfrentará o desafio, por exemplo, de estar em uma sigla que tem outros três pré-candidatos, os empresários Josmar Moura e José Odilon e radialista Serleyser Araújo. Caberá logicamente ao presidente do DEM em Anápolis, Carlos César Toledo, organizar a situação internamente para que o projeto de um candidato não prejudique o do outro.

A participação da ex-miss Anápolis Jeovanca Nascimento na disputa surgiu no início dessa semana, quando a modelo confirmou ao repórter Lucivan Machado, da Rádio Manchester AM, que será candidata a deputada estadual. O vereador Teles Júnior, um dos representantes do PMN na Câmara Municipal, também já demonstrou interesse em participar do pleito. Ou seja, mais uma disputa interna, além do desafio de ampliar espaços femininos na política.

Embora somente o fato de ser mulher pode acabar contribuindo para que Sirley e Jeovanca sejam confirmadas como candidatas. A lei determina que 30% das candidaturas de um partido sejam de gênero diferente da maioria inscrita para o cargo em disputa. Como sempre há mais homens, a proporção sempre fica a seguinte: para cada sete candidatos, é preciso ter três candidatas. Essa proporção é exigida, sob pena de a chapa ser excluída do processo eleitoral.

Ainda existe uma chance de mais mulheres de Anápolis entrarem na disputa. É o caso, por exemplo, da vereadora Thaís Souza (PSL), vice-presidente da Câmara Municipal de Anápolis. Ela sempre deixou claro que pode entrar na campanha, que até tem disposição para buscar uma vaga de deputada, mas nunca confirmou de fato se trabalha para viabilizar esse projeto. Thaís é vereadora de primeiro mandato e uma de suas características, segundo ela, é não tomar decisões que possam ser precipitadas.

Em seu segundo mandato, a vereadora Professora Geli Sanches (PT) diz que é postulante a uma cadeira da Assembleia Legislativa. Mas para oficializar seu projeto eleitoral, ela espera a decisão de seu colega de partido, o também vereador Antônio Gomide, que caminha para ser o candidato do PT anapolino a deputado estadual.

Geli Sanches é uma incentivadora da participação maciça das mulheres na política. Por outro lado, a vereadora é consciente de quea cidade precisa aumentar sua representatividade no Legislativo goiano, e o lançamento de mais de um nome para a Assembleia Legislativa, principalmente sendo do mesmo partido, prejudica a cidade e os próprios candidatos.

Até o momento, essas são as mulheres que já confirmam presença nas eleições de outubro desse ano, ou pelo menos trabalham o projeto de uma candidatura. A última deputada estadual eleita por Anápolis foi a atual superintendente de Direitos Humanos do Governo de Goiás, Onaide Santillo (PSDB). A tucana esteve na Assembleia Legislativa por três mandatos. O primeiro deles foi pelo PP entre os anos de 1995 a 1999; depois já pelo PMDB, Onaide foi deputada estadual novamente entre os anos de 1999 e 2007.

Em Brasília, a ex-primeira dama de Goiás, Lídia Quinan representou a cidade como deputada federal eleita em 1994 pelo PMDB, mesmo partido de seu marido, ex-governador Onofre Quinan. Lídia Quinan foi reeleita em 1998 ainda no PMDB, mas, de lá para cá, o município não teve nenhuma outra mulher eleita deputada federal.

Legislação
Em 2010 o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu por caráter obrigatório o cumprimento da lei federal 9.504/97, que exige que os partidos obedeçam a cota mínima de 30% de suas candidaturas para candidatos do mesmo sexo. Mas a exigência não mudou muita coisa quando se fala em representatividade feminina na política.

Estatísticas mostram que, embora as mulheres representem atualmente 52% dos eleitores brasileiros, dos 41 deputados estaduais em Goiás, apenas quatro são mulheres. Dos 513 deputados federais, apenas 51 são mulheres. No Senado, a realidade é a mesma, dos 81 parlamenares, somente 13 são mulheres.

História
A primeira mulher eleita em Anápolis para uma cadeira na Câmara Municipal foi Francisca Miguel, em 1947. Ela ocupou uma das nove vagas disponíveis naquele pleito. Depois de muito tempo sem representante feminina, nas eleições de 1982, Maria Meirelles foi a única eleita entre 21 vereadores. Em 1986, foi a vez de Marlene Barbaresco, mais uma vez a única empossada. A história começou a mudar em 1992 com a eleição de Mirian Garcia, reeleita no pleito do ano 2000.

Já em 2004, Mirian Garcia ganhou a companhia da petista Dinamélia Rabelo na Câmara Municipal. E nas eleições de 2008, três mulheres venceram a disputa, além de Mirian e Dinamélia, Gina Tronconi também assumiu uma cadeira na Casa, pelo PPS.

Em 2012, foram reeleitas Dinamélia Rabelo e Mirian Garcia, com a estreia na Câmara da vereadora Professora Geli Sanches. Já em 2016, Geli permaneceu na Casa, com a conquista de um novo mandato, e passou a ter a companhia de Thaís Souza e Elinner Rosa (MDB). Também foi eleita Vilma Rodrigues, que acabou falecendo recentemente, reduzindo a bancada feminina no Parlamento municipal – seu suplente, agora titular, é o vereador licenciado Wederson Lopes (PSC).

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