Márcia x Edergênio: conheça o perfil dos candidatos a presidente do Sinpma

Sinpma

Márcia Abdala tenta a reeleição e Edergênio Vieira se apresenta como candidato da oposição. Saiba o que cada um pensa sobre o Sindicato dos Professores

ANA CLARA ITAGIBA
Fotos: Ismael Vieira

SinpmaPela primeira vez, o Sindicato dos Professores da Rede Municipal de Ensino de Anápolis (Sinpma) passará por uma disputa sindical. Entre os dias 4 e 5 de junho, 1.017 profissionais da rede estarão elegendo um novo presidente ou garantindo a reeleição da atual mandatária, para um mandato que vai de 2018 a 2021.

A votação ocorrerá das 8h às 18h, na sede do sindicato e nas escolas municipais, escolas conveniadas, Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) e Centros de Educação Infantil (CEI), onde a comissão eleitoral levará as urnas. Estão concorrendo as chapas “Muitas Vozes, Uma só Luta” (Chapa 1) e “Revitalizar a Luta” (Chapa 2). A reportagem do JE conversou com os candidatos na última quarta-feira (24.mai), para saber quais são as propostas apresentadas para a classe.

A candidata que está representando a chapa “Muitas Vozes, Uma só Luta”, é a atual presidente do Sinpma, Márcia Abdala. Ela defende a união dos professores em defesa de direitos adquiridos e estabelecidos nas leis, além de ser contra qualquer tipo de retrocesso, opressão, ingerência, assédio moral e desrespeito aos profissionais. Entre as principais bandeiras, está a luta pelos interesses econômicos, sociais, políticos e culturais da categoria, imediatos e futuros, tendo em vista a melhoria das condições de vida e de trabalho do professor. Além disso, a candidata acredita na implantação de políticas públicas eficientes, que reduzam as desigualdades, dando oportunidades a todas as crianças e jovens para terem acesso e permaneçam na escola. “Reconhecemos que a Educação é a chave para a transformação de uma nação, e só assim teremos as mudanças que tanto almejamos”, argumenta Márcia.

Já o candidato da chapa “Revitalizar a Luta”, Edergênio Vieira, afirma que a principal bandeira é a defesa do Estatuto do Magistério 211/2009, que envolve desde a questão das progressões verticais e horizontais à titularidade. A chapa defende ainda a criação de um clube para os professores da rede municipal, além da realização contínua de cursos e palestras voltadas para a preparação do profissional, para atuar dentro da sala de aula, assim como para envolver-se mais nas lutas da categoria. Outro ponto levantado pelo candidato é a valorização dos profissionais que já se aposentaram e a realização de eventos culturais e esportivos. “Vamos fazer o primeiro encontro cultural do Sinpma e criaremos copas internas voltadas para futebol, vôlei e corrida”, exemplifica Edergênio.

Quando questionada o que deve ser melhorado para a categoria, a candidata da Chapa 1 diz que o que falta é o poder público cumprir leis já existentes. “Eles devem respeitar a categoria, valorizá-la, cumprir a data-base da reposição salarial, pagar as titularidades e progressões, cumprir a jornada de trabalho, além de dar dedicação exclusiva para melhoria das condições físicas e financeiras das escolas”, pontua Márcia Abdala.

Edergênio também acredita que é preciso lutar por essas demandas, mas ressalta que investimento na formação do professor deve ser o estímulo quando se trata da resolução destes problemas. “Se o profissional é bem remunerado, ele compra uma boa revista e faz uma viagem de formação. Queremos um profissional feliz, que realmente possa realizar bem o seu trabalho e atender as demandas da sua família”, alega o candidato da Chapa 2.

A estrutura física das unidades escolares também foi uma questão levantada por ambos os candidatos. Márcia diz que não se pode pactuar com o funcionamento de uma escola destruída, onde faltam banheiros, cantinas, quadras cobertas, biblioteca, refeitório e muros. De acordo com ela, cumprir a legislação quanto ao aspecto físico das unidades de ensino é dever do poder público e direito de todo cidadão, por isso o sindicato deve cobrar o seu cumprimento.

Edergênio defende que o sindicato não deve se ocupar apenas do ponto de vista de estrutura física em si, mas, além disso. “Não se pode fugir deste tema, mas a classe é formada por intelectuais, formadores de opinião, e deve se unir para pensar políticas públicas. Defendemos um sindicato de movimentação sindical, de realização de palestras, seminários, que vai pensar, não só a carreira docente, mas que vai ajudar a pensar por Anápolis, na área da Educação”, explica.

Sobre a realidade dos profissionais anapolinos, Márcia Abdala diz que ao contrário das décadas passadas, que foram marcadas por lutas e embates que refletem hoje todas as conquistas alcançadas, como o Estatuto e Plano de Carreira, data-base, Plano Municipal de Educação, Eleições Diretas para Diretores, lei do Piso Salarial, dentre outras, a situação atual é diferente. “Se inverteu. A luta dos professores gira em torno da manutenção dos direitos adquiridos, com o cumprimento das leis. Os ataques aos direitos dos trabalhadores, no âmbito geral, é preocupante, porém é preciso ampliar o debate e trazer os professores para a discussão dos temas relevantes, para que juntos possamos encontrar saídas”, alega.

O candidato da chapa “Revitalizar a Luta”, Edergênio Vieira, diz que apesar dos avanços conquistados, ainda há muito que deve ser feito pela classe. “Ainda se padece muito por conta da falta de investimento do poder público. O Brasil não trata a Educação como política de nação. Trata, em minha opinião, como política de governo”, afirma.

Executivo
Caso eleita novamente, Márcia afirma que manterá um diálogo respeitável com a administração municipal, mas nunca será submissa, pois ela entende que o Sinpma e a prefeitura estão em lados opostos. “O sindicato é o representante legal da categoria na defesa de seus direitos e interesses, e qualquer que seja o problema, a bandeira de luta será erguida”, esclarece.

Edergênio segue a mesma linha de pensamento. “Não queremos um sindicato que se cale diante de um partido político. Temos ideologias de classe, ou seja, categoria dos professores. Mas não somos sectários, não iremos nos fechar apenas nos professores e achar que nós somos os iluminados e que nós somos os donos da razão. Esse vai ser o sindicato do diálogo, da transparência da postura firme de ter que falar na cara o que deve ser dito, mas ao mesmo tempo é o sindicato da independência”, ressalta o candidato da Chapa 2.

Candidatura
Segundo Edergênio Vieira, a Chapa 2, que é formada por 24 pessoas, foi pensada com a proposta de se criar um ambiente de disputa, já que até então as eleições do Sinpma contavam com apenas um candidato. “Respeitamos a história das pessoas que estão lá, mas diante da nossa experiência em movimentos sociais, na atuação – que muitas das vezes é uma atuação direta em defesa dos professores que não passa pela representação sindical, mas respeitando o movimento sindical –, nós queremos trazer a nossa contribuição dessas representações individuais para a luta coletiva”, explica o candidato.

A representante da Chapa 1 fala que se candidatou à presidência novamente porque acredita que tem muito a contribuir com a categoria em busca de valorização e respeito. “Sou professora da rede há 18 anos e conheço a realidade. Além disso, sou uma das fundadoras do sindicato. Faço parte da história, das lutas, das conquistas ao longo dos seus 15 anos de existência. Não fui coadjuvante. Tenho atuado diuturnamente em benefício da categoria”, defende Márcia Abdala.

Márcia Abdala – Chapa 1 “Muita Vozes, Uma só Luta”
“Sou filiada fundadora do Sinpma e participei desde então ativamente com meus colegas de profissão. No período de 2015 a 2018 foi o meu primeiro mandato e acredito que tenho muito ainda a contribuir com essa luta, prova disso foi a manifestação que tivemos recentemente com todos os professores. A luta de classe é muito salutar. Nenhum trabalhador consegue algo sem luta, sem reivindicar. A representatividade sindical se faz necessária pela falta de reconhecimento do patrão, do valor do empregado, do valor humano que tem o seu funcionário. No nosso caso, a instância é a Prefeitura Municipal, ou qualquer órgão administrativo, os professores em sala de aula, toda essa máquina é humana e sem ela as coisas não funcionam. Temos um planejamento previsto, pois nossa luta não tem fim”.
Trecho extraído do material de campanha do candidato.

Edergênio Vieira – Chapa 2 “Revitalizar a Luta”
“Como professor do município de Anápolis quero oferecer à nossa luta experiências adquiridas desde os tempos de militância no movimento estudantil juntamente com outras lideranças. Tempos esses durante os quais construímos uma narrativa intransigente na defesa dos nossos direitos. Desde a época da saudosa Uesa (União dos Estudantes Secundaristas de Anápolis), passando pelo movimento universitário na Universidade Estadual de Goiás à frente do Diretório Central de Estudantes, temos lutado por uma educação que valorize a formação inicial e continuada do professor, garantindo-lhe uma boa remuneração, além de condições dignas de trabalho. É com base nessas experiências, para lutar contra os retrocessos, pelos nossos direitos e por mais avanços que apresentamos o movimento para Revitalizar a Luta, como uma alternativa à direção do Sinpma”.
Trecho extraído do material de campanha do candidato.

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