Profissionais de comunicação de Anápolis alertam para perigo das fake news

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Jornalistas orientam os internautas a certificarem se o conteúdo acessado pela internet, principalmente pelas redes sociais, são verídicos

FERNANDA MORAIS

Combater as fake news, as notícias falsas, já é um grande desafio para Justiça Eleitoral. Na edição passada, em entrevista ao JE, o desembargador substituto Marcus da Costa Ferreira – que vai atuar como juiz titular no Tribunal Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO) neste pleito – demonstrou a preocupação do órgão com as fake news para o processo democrático de escolha dos representantes públicos.

Os profissionais que atuam na área de comunicação de Anápolis também estão em alerta com as notícias falsas que circulam pelas redes sociais, principalmente pelo Whatsapp. O editor do jornal Contexto, jornalista Claudius Brito, avalia que as fake news “realmente são uma situação preocupante”. “Não só no Brasil, mas em todo mundo. Temos o exemplo das últimas eleições presidenciais dos Estados Unidos, que tiveram o problema e até hoje geram desconfianças”, afirma o profissional.

O editor do semanário acredita que a propagação das notícias falsas ainda vai perdurar por um bom tempo, já que os próprios provedores de internet não tem ferramentas para identificá-las e combatê-las. “O assunto é pauta recorrente de discussão na Justiça Eleitoral brasileira que até agora não mostrou ferramentas para combater as fake news no processo eleitoral desse ano”, destacou.

O jornalista avaliou que na ausência de um controle mais rígido sobre a veracidade de conteúdo publicado na internet, o ideal é que o leitor saiba buscar material de qualidade, até mesmo pelas redes sociais, prezando sempre pelo confronto de informações que possam gerar dúvidas.

“Também defendo que as pessoas busquem apoio nas mídias tradicionais, já conhecidas como rádios, jornais e televisão. As redes sociais, apesar de democráticas e de longo alcance, infelizmente continuarão sendo mal utilizadas por muitos. Essa eleição será um divisor de águas. Por enquanto vamos conviver com o problema já que ainda não existe um remédio para combatê-lo”, considera Claudius.

Desserviço
Nilton Pereira 08O diretor de jornalismo da Rádio Imprensa, Nilton Pereira (foto), uma das referências em comunicação na imprensa local, afirma que as notícias falsas ou conteúdos fabricados com propagação de mentiras são “um desserviço prestado à comunidade”. “As pessoas que têm esse comportamento prejudicam o exercício da cidadania, da democracia. A produção de material sem credibilidade não deveria agrada ninguém”, critica o profissional.

Para Nilton Pereira os prejuízos causados por uma falsa notícia que alcança um grande número de pessoas é incalculável. “Não pratico, abomino esse tipo de comportamento. O pior de tudo é que a maioria das fake news tem conteúdo maléfico para terceiros com o objetivo apenas de prejudicar o próximo. Quem recebe qualquer conteúdo deve primar por sua veracidade antes de compartilhar a informação”, orienta.

A supervisora de Marketing e Comunicação da Faculdade Fama, instituição de ensino superior de Anápolis, Ana Paula de Melo Fernandes, comenta que a instituição tem um canal no Youtube onde professores, coordenadores e alunos, inclusive do curso de Jornalismo, publicam vídeos contínuos chamados de ‘Pílula do Conhecimento’.

“Nesses episódios abordamos temas que geram discussão entre a comunidade escolar e a sociedade no geral. As fake news estão em um novo vídeo gravado pela coordenadora do curso de Jornalismo da faculdade, professora Márcia Costa e deve ir ao ar no mês de agosto. Tratamos de um alerta sobre os conteúdos que são publicados nas redes sociais que tem um alcance muito grande. Usamos a redes sociais como ferramenta de trabalho, para deixar a visão científica sobre diversos temas ao alcance do público que nos acompanha”, detalha.

Obrigação
Marcos VieiraPara o jornalista Marcos Vieira (foto), editor-geral do Jornal Estado de Goiás, denunciar uma fake news quando se depara com uma deveria ser uma das obrigações profissionais de um comunicador. “Nada é mais ultrajante para quem ganha a vida com comunicação social do que essa praga da era moderna, primogênita das redes sociais”, afirma.

Marcos afirma que é difícil vencer o ritmo frenético com que mentiras travestidas de notícias são postadas na internet. “Bate um desânimo quando você faz parte de um grupo de Whatsapp e vê duas pessoas diferentes repassando as mesmas informações inventadas, às vezes na sequência, mesmo que da primeira vez alguém já tenha informado se tratar de uma fake news”.

O editor acredita que o cidadão precisa ter ciência que o jornalismo profissional deve ser a base quando se busca notícia. “O sujeito procura médicos quando está doente, contrata um arquiteto para desenhar a planta da sua casa, mas na hora de consumir informação – um dos bens mais valiosos da atualidade – acredita no grupo do pessoal do futebol ou do boteco. É algo deplorável”, ressalta.

O público precisa ter ciência que não são neófitos que trabalham na criação das fake news. Tratam-se de profissionais da comunicação com profundo conhecimento da realidade que pretendem atingir. O que na década passada era chamado de contra-marketing hoje virou mentira pura e simples.

Na esteira dessa caça às fake news, é preciso também difundir a importância da informação aprofundada – que ouve especialistas e diferentes fontes – e que compara dados históricos, deixando o leitor realmente embasado para fazer seu juízo do fato e propagar sua opinião diante do seu círculo de convivência.

#SAIBA MAIS

As fake news ou notícias falsas, como o próprio nome diz, não conteúdos gerados a partir de informações irreais, mas que são compartilhadas na internet como se fossem verídicas. A popularização da internet, mídias sociais com aplicativos que trocam mensagens imediatas, tem colaborado muito para o aumento da disseminação de falsas notícias e, a atitude, com certeza, dará trabalho para Justiça eleitoral no pleito de outubro desse ano.

No final do mês de junho o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) firmou parceria com as empresas de tecnologia e associações de empresas de comunicação para intensificar o combate das notícias falsas que possam interferir nas eleições de outubro. Lembrando que o eleitor vai às urnas para escolha do presidente da República, senadores, governadores, deputados federais e estaduais.

À época, além do presidente do TSE, Luiz Fux, assinou memorandos de entendimento empresas como o Google e o Facebook, Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Associação de Jornais (ANJ) e Associação Nacional de Editores de Revista (Aner).

Em Goiás, o desembargador substituto, Marcus da Costa Ferreira, diz que “há sim o risco de as fake news interferir no resultado das eleições. Mesmo assim, segundo ele, muitos cuidados vêm sendo tomados pela Justiça Eleitoral. “Vai acontecer um encontro entre representantes das grandes empresas de mídias sociais, como Google, Facebook, Instagram, Whatsapp, com integrantes da Justiça Eleitoral até porque as empresas também estão preocupadas com o processo, em caminhar dentro da lei”, destaca.

Notícias falsas impactam nos índices de vacinação

DA REDAÇÃO

Relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) aponta aumento significativo nos casos de sarampo – doença infecciosa grave – no mundo inteiro. Os números mostram que entre janeiro e abril de 2018, foram registrados mais de 79 mil casos da doença, contra 72 mil no mesmo período em 2017.

O número é preocupante e acompanha a queda no índice de vacinas em crianças e em bebês, que vem diminuindo. Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado de Goiás, a cobertura vacinal até maio de 2018 chegou a 64,05%.

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde registrou queda na proteção contra a poliomielite, doença que causa paralisia. De 98% em 2015 para 77% no ano passado em todo o País. O Ministério emitiu um alerta para evitar o retorno de doenças como a poliomielite e outras que já tinham sido erradicadas ou controladas no passado e que, diante do atual cenário de baixa vacinação, podem voltar a ser confirmadas no País, como é o caso do sarampo.

Apesar de nenhum diagnóstico ter sido confirmado no Distrito Federal, é preciso estar alerta, já que a doença se prolifera facilmente. No Amazonas e em Roraima, já são 463 casos confirmados, no Estado do Rio de Janeiro foram confirmados dois casos da doença. De acordo com Alberto Chebabo, médico infectologista que compõe o corpo clínico do Laboratório Atalaia, a imunização é a maneira mais eficiente para evitar surtos epidêmicos. “A vacina é extremamente importante para combater essas doenças, visto que elas podem ser transmitidas com muita facilidade”, afirma Chebabo.

Segundo Chebabo, esta queda de imunização pode estar relacionada ao desaparecimento ou baixa incidência de algumas doenças que já foram muito comuns no País e, também, pela divulgação das notícias falsas que assustam as mães na hora de vacinar os filhos. “Os boatos têm esse poder de assustar e acabam se tornando virais, já que muitas pessoas compartilham acreditando na veracidade da informação. Inúmeras notícias falsas sobre a vacinação infantil foram espalhadas, mas vale ressaltar que a proteção nos recém-nascidos é indispensável, pois estimula o corpo do bebê a produzir respostas imunológicas protegendo-os de determinadas doenças”, explica o médico.

Um conhecido exemplo de notícias falsas ou fake news está relacionado a um estudo do médico britânico Andrew Wakefield, em 2010, que rendeu uma crise na saúde pública de países como Reino Unido, Estados Unidos e até no Brasil. A pesquisa, que posteriormente foi desacreditada, alegava que a vacina Tríplice Viral, que protege contra caxumba, sarampo e rubéola, estava relacionada com o desenvolvimento de uma síndrome intestinal e sintomas de autismo em crianças. Até os dias de hoje, o conteúdo desse estudo circula na internet, sendo que o Conselho Geral de Medicina do Reino Unido aferiu que as afirmações do estudo eram absolutamente falsas. Outros boatos que circulam na internet apontam que as vacinas possuem mercúrio – informação também equivocada.

O recomendado é que os pais sempre tirem as dúvidas com o pediatra, dessa forma, o especialista desmistificará todas as notícias falsas sobre a vacina, além de ressaltar a importância da vacinação para a saúde dos bebês.

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