“A tônica da nossa Educação é formar cidadãos de bem”, fala Alex Martins
Secretário municipal Alex Martins faz balanço do primeiro semestre letivo e as expectativas para o restante do ano
ANDRÉ RIBEIRO
Neste segundo semestre as aulas na rede municipal de ensino voltaram na última quinta feira (2.ago). O secretário municipal de Educação, Alex Martins (foto), recebeu a equipe do JE para fazer um balanço sobre o primeiro semestre e também sobre os projetos para o restante do ano de 2018.
Com a volta às aulas, quais são as recomendações para a população?
Primeiro é entender que estamos dando sequência ao ano letivo, então é uma abordagem que vai seguir a mesma intensidade dentro daquilo que foi planejado desde o início do ano, ou seja, estamos dando continuidade ao bom exercício que foi no primeiro semestre. De antemão, agradeço a todos os nossos servidores administrativos e docentes pelo bom exercício e pela boa atividade que fizeram ao longo do primeiro semestre, à comunidade que se envolveu nos projetos, rompendo essa ideia de muro, trazendo-a para dentro da escola. A comunidade ajudou demais e segue colaborando, pois o processo educacional começa lá na família e a escolaridade é uma forma de complementar o conceito.
Essa integração é essencial?
Pedimos para a comunidade se envolver com esses programas e projetos dentro do ambiente escolar, que são vários, com grandes parceiros: Escola de Pais, Base Aérea de Anápolis, Polícia Militar e mais uma série de instituições que fazem um bom trabalho. Que nós consigamos terminar o ano letivo da mesma forma que começou, de forma ponderada, tranquila e harmônica.
Quais são os projetos para o segundo semestre?
Estamos encerrando o mês de férias de muito trabalho. Demos férias para os alunos, mas os profissionais de modo geral continuaram dando andamento em muitas atividades. Fechamos esse primeiro semestre com o projeto de hortas escolares, um negócio que deu muito certo e que inclusive no período de férias teve colheita. Nós chamamos a comunidade para entregar para ela como doação, para esse produto não perder. Nesse segundo semestre vamos abrir mais cinco hortas escolares em Cmeis espalhados na cidade, com uma parceria público-privado. Existe uma empresa particular que está dando todo subsídio de insumos. Com isso trabalhamos a questão da alimentação saudável, da conscientização quanto à questão ambiental e, por último, a cidadania, pois a criança entende que lá no quintal da casa dela pode plantar os alimentos sem nenhum tipo de agrotóxico – e isso vem como uma composição intuitiva dentro do cardápio que ela come na escola.
Como estão as obras das novas unidades?
Vamos entregar neste mês de agosto uma escola tecnológica considerada a melhor da rede, que será a reforma e ampliação da Escola Luiz Carlos Bizinotto, na Vila União. Era uma escola antiga e precisava de novos conceitos de acessibilidade e de plataformas pedagógicas. Tenho absoluta certeza que será a melhor escola da rede municipal de ensino. Além dessas obras estamos também reformando os Cmeis Anita Malfatti, Doutora Zilda Arns Neuman e Maria Zenita de Jesus. Estamos dando continuidade na obra do Cmei Santo Antônio. Foi um mês de férias, mas que não paramos de trabalhar para entregar [obras] na volta às aulas.
Como funciona o trabalho com a Escola de Pais do Brasil?
Levamos informação para os pais através de um círculo de palestras. Não se pretende ensinar os pais a serem pais, mas sim expor mecanismos para que eles possam melhor educar seus filhos. O projeto foi desenvolvido em 10 unidades escolares e atingimos mais de 1000 pais. Foi fantástico, mudaram se conceitos não só no processo educacional, mas de vida. São pais, mães, tios e tias responsáveis pelas crianças. E a gente traz essa concepção de núcleo familiar de responsabilidade de todos, para que todo mundo fique envolvido.
A Secretaria de Educação tem como tema neste ano o bullying. Como está o andamento?
O tema é “Bullying Brincadeira sem Graça” e deu muito certo. É um tema difícil de ser falado, difícil até de ser trabalhado, mas é algo que deu certo no primeiro semestre e temos a responsabilidade de dar sequência agora. Como é um tema da educação, todos os projetos e programas voltados ou concebidos dentro do ambiente escolar são trabalhados sob a perspectiva dessa questão do bullying. E é um negócio de arrepiar. Sabemos que isso aconteceu ontem, acontece hoje e dificilmente não vai acontecer amanhã, mas ouvir os depoimentos dos adolescentes sobre o que de fato aconteceu na vida deles, os pensamentos ruins que eles tiveram… Nós fazemos essa roda de conversa na quadra. Dentro da sala de aula de cada turma criamos momentos de superação desses traumas. Não vamos conseguir acabar com o bullying e a gente também não consegue tirar da cabeça das pessoas, mas conseguimos fazer com que elas superem esse trauma e isso está sendo fantástico. Está mexendo com nós, funcionários. Por mais que já passamos por isso, não pela prática, mas por ter vivido com pessoas que sofreram isso, ao ouvir o depoimento das crianças e até mesmo de outros profissionais, estamos conseguindo superar o que eles vivem e ao mesmo tempo aprendendo demais.
A Escola Ernest Heeger ganhou uma minipista de atletismo. Qual a importância?
Fizemos a concepção da minipista de atletismo depois de 11 anos e isso é o prefeito Roberto Naves: a prefeitura preocupada em valorizar as boas práticas. Aquela pista foi entregue em uma escola que geograficamente era possível construir aquilo, mas é um projeto para rede. Que possamos fazer daquela escola um polo de excelência na área de atletismo, mesmo que essa não seja a nossa preocupação, pois a nossa preocupação é o ensino, agregando valores em outras práticas como a esportiva, o que valoriza demais as crianças. Pode sair ótimos atletas? Podem sim, mas a nossa prioridade não é formar o melhor médico da cidade, não é formar o melhor professor desse país, não é preparar o melhor gestor do mundo, mas é preparar cidadãos de bem, pessoas comprometidas com a responsabilidade que a lei cobra, mas com todos os direitos de construir as suas famílias, construir seus lares e construir um meio ambiente, um meio social cada vez mais harmônico, cada vez melhor.
Esse é o caminho da educação?
Muito se fala o que você quer pra esse país, mas de fato o que cada um está contribuindo? O que você fez de bem hoje? Você ajudou uma pessoa atravessar a rua? Você cumpriu rigorosamente a legislação de trânsito? Tirou um papel do chão? Essas são concepções trabalhadas todos os dias pelos educadores. Formar bons cidadãos porque isso é um reflexo direto nas nossas famílias. Bobo daquele que pensa que a educação pública não tem nada haver comigo porque meus filhos estão na rede particular. Acho que todo mundo é muito responsável, porque lá na frente essas pessoas se encontram no mercado de trabalho. Ninguém vive isolado, o mundo é muito globalizado e muitos dependem de outras pessoas, graças a Deus, então todo mundo é muito responsável. Cuide da sua escola, pois é inconcebível que há pessoas que querem entrar na escola para quebrar ela. No meu tempo as escolas nem muro tinham, eram locais de grande acolhimento. Mas a tônica é essa, formar bons cidadãos de bem.
Em relação às parcerias, como funcionam?
A Escola de Pais do Brasil faz um trabalho fantástico. A Ala 2 [Base Aérea de Anápolis] também vem fazendo um trabalho fantástico no Forças no Esporte – já temos mais de 500 crianças nesse projeto tanto do município quanto do Estado. A criança é pega na porta da escola e vai fazer suas atividades de natação, xadrez, badminton e futebol. Isso tudo dentro da Ala 2. Depois retornam para porta da escola, então são atividades feitas em um segundo tempo. O Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd) consiste num esforço cooperativo estabelecido entre a Polícia Militar, a escola e a família, tendo como missão ensinar aos estudantes boas estratégias de tomada de decisão para ajudá-los a ter habilidades que os permitam conduzir suas vidas de maneira segura e saudável, tendo a visão de construir um mundo com jovens livre do abuso de drogas, da violência e de outros perigos, ou seja, são muitas ações preventivas que ficam mais baratas que ações curativas.