Base governista ainda não fechou questão para eleição da presidência da Câmara

Plenário

Leandro Ribeiro e Jakson Charles são os dois nomes colocados em evidência, numa disputa que tem ainda Domingos Paula

FERNANDA MORAIS

No dia 12 de dezembro, data que será realizada a última sessão ordinária desse ano na Câmara Municipal, também acontecerá a eleição da mesa diretora do Legislativo para o próximo biênio. Quatro vereadores já colocaram os seus nomes para a disputa da presidência, Domingos Paula (PV), Lisieux José Borges (PT), Leandro Ribeiro (PTB) e Jakson Charles (PSB).

Nas duas últimas semanas ficou evidente que, por enquanto, a eleição da nova mesa está longe de chegar a uma chapa de consenso, mas as discussões afunilaram e os nomes de
Jakson Charles e Leandro Ribeiro aparecem no centro da disputa para presidência. O problema é que tanto Leandro quanto Jakson são da base aliada do prefeito Roberto Naves (PTB).

Nessas condições o chefe do Executivo fica em uma situação complicada. Leandro Ribeiro é do mesmo partido que Roberto Naves, sempre foi bem próximo ao prefeito inclusive contou com seu apoio para assumir a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico nos últimos oito meses. Há dois anos Jakson Charles faz a defesa do Executivo na Câmara Municipal, portanto, também trabalha bem próximo ao prefeito Roberto.

Em entrevista aos radialistas Jairo Mendes e Lucivan Machado, Jakson e Leandro reafirmaram a disposição em disputar a presidência da Câmara Municipal, e, apesar de serem favoráveis a chapa única, estão trabalhando para conseguir a preferência dos colegas de mandato. Jakson Charles acredita que o prefeito não vai interferir no processo, e, caso o posicionamento do Executivo seja diferente, ele ameaça deixar a defesa do Executivo na Casa e a base aliada.

Leandro Ribeiro também afirma que a eleição da nova mesa diretora ficará apenas entre os vereadores e que vencerá quem tiver a maioria dos votos. Veja partes da conversa com os radialistas.

Jakson Charles (PSB)

O Senhor segue na disputa pela presidência da Câmara?
Acredito que estou preparado. Estou na disputa e não abro mão da presidência, mas respeito os outros colegas que postulam o cargo. Na condição de postulante, eu coloquei ao prefeito Roberto a possibilidade de me licenciar do cargo de liderança do Executivo na Casa para não ter constrangimentos como o que aconteceu no início dessa semana quando o colega Antônio Gomide e sua bancada criticou o Executivo e eu, propositalmente permaneci em silêncio.

O senhor conversou sobre a decisão com o prefeito? E ele concorda com esse afastamento da liderança?
Levei o problema ao prefeito. Roberto nos chamou para uma conversa. O prefeito é uma pessoa sábia, capacitada e tivemos uma conversa madura e inteligente, onde conseguimos aparar arestas. Ficou clara a situação de cada um que deve respeitar os espaços dos outros. A partir de agora cada um andará tranquilo. O prefeito pediu, mesmo com minha intenção de disputar a presidência, permanecer na sua liderança sem problema. Eu tenho respeito muito grande ao prefeito e agradeço por ele reconhecer o meu trabalho.

Mas as articulações também continuam em nome de Leandro Ribeiro. O atual presidente, Amilton tem simpatia por essa candidatura. Não podemos falar pelo prefeito, mas caso continue esse apoio a Leandro, o senhor pode ter novamente a mesma reação?
Caso isso acontecer, não só com Amilton, embora eu não acredito que acontecerá mais, eu automaticamente me desligarei da liderança e estarei livre para fazer uma disputa normal, respeitosa, democrática, sem cobrar atitudes desse ou daquele. Mas a conversa com o prefeito Roberto Naves foi madura e eu acredito que as forças se unirão e no dia 12 de outubro teremos chapa de consenso.

E se as forças se unirem em torno de uma candidatura que não seja a sua? Nos bastidores, pelo que sabemos, a maioria apoia Leandro Ribeiro.
Não é essa a verdade dos fatos e os números. Temos pelo menos de 12 a 13 vereadores conversados que estão firmes no propósito. Pode haver uma alteração para um lado e para o outro. Mas não tem maioria nem para o lado de lá e nem para o lado de cá. Existe simpatia tanto para o vereador Leandro Ribeiro quanto para o vereador Jakson Charles. A minha posição, como eu disse, acredito que teremos um consenso, mas se não acontecer, e o prefeito Roberto Naves manter a sua postura de respeito e consideração sem influenciar no processo, não teremos problema. Agora, se o prefeito Roberto Naves, coisa que eu não acredito, influenciar qualquer candidatura que não seja a minha, a minha atitude é não ter motivação para continuar na base aliada. Mas acredito que isso não acontecerá justamente porque o prefeito tem por mim, a mesma consideração que tenho com ele, no meu trabalho de defesa nos dois últimos dois anos.

O senhor pode deixar a base aliada? Ou qual será sua posição?
Eu sempre fui um vereador independente. Sempre apoiei os projetos positivos e contestei os negativos. Hoje estou na condição de líder de prefeito fazendo a sua defesa na Casa. Se por ventura vier ocorrer interferência do prefeito, é sinal que não precisa do meu trabalho. Se acontecer qualquer influência do prefeito, eu não vejo motivação para permanecer na base, mas continuarei na posição de neutralidade e independência.

Leandro Ribeiro (PTB)

Tem ou existe possibilidade de ter a interferência do prefeito Roberto Naves na eleição da presidência da Câmara?
Esse assunto não existe. Já tivemos essa conversa e o prefeito não vai e nem deve interferir nesse processo. Entendemos que nós vereadores que temos que decidir pelo pleito da próxima mesa diretora.

Os vereadores já se reuniram essa semana com prefeito para tratar desse assunto?
Reunião de rotina. Obviamente que o Jakson está preocupado com o processo eleitoral. Ele colocou na mesa que está preocupado por ser a pessoa que defende o prefeito na Casa. E o Jakson faz essa defesa com bastante contundência. Ele se sentiu prejudicado e colocou a disposição do prefeito aqui na Câmara.

O senhor foi favorável a uma matéria da vereadora Professora Geli que rendeu muita discussão no plenário. Esse voto teve conotação política?
Não. Cada vereador é dono da sua consciência. Naquele momento o que a Geli queria era colocar nas placas dos deficientes físicos o símbolo do autismo permitindo o seu estacionamento. Achei coerente e por isso votei com a vereadora. Aqui na Câmara você vota de acordo com sua consciência e pensando no bem-estar da comunidade. O Jakson foi o relator da proposta na CCJR e foi contrário, disse que era inconstitucional. No meu entendimento, de acordo com a lei federal que beneficia o direito do deficiente físico nas vagas especiais, eu preferi ser favorável.

Existe algum acordo para que todos caminhem na mesma direção?
Aí é que está a confusão, por nós pertencermos a base aliada do prefeito, não precisamos concordar com tudo que o Executivo manda para Câmara ou com o que o líder do prefeito executa na Casa. Cada vereador tem a sua consciência. Se o Jakson pensou que naquele momento o nosso voto teve conotação eleitoral, ele estava errado, mas depois já conversamos sobre isso.

O voto não teve o cunho de buscar apoio dos petistas?
Não. De maneira alguma. A vereadora Geli tem seu trabalho na defesa das pessoas portadoras de deficiência e tem o apoio da maioria. Isso é um pequeno detalhe no processo eleitoral que levanta os ânimos da Casa. Os vereadores têm legalidade de colocar os nomes a disposição. Isso faz parte.

O senhor acredita que é possível chegar a um consenso?
Sim. Tenho conversado com os amigos vereadores, esperamos consenso nas eleições. Se não tiver, vai vencer as eleições o que tiver a preferência dos colegas. Se não for eu, Leandro, pode ser o Jakson ou o Domingos. E aí a torcida é para que o próximo presidente faça um bom trabalho dando continuidade à boa gestão feita pelo Amilton.

Jakson disse que não sendo presidente ele pode deixar a base, o que o senhor acha?
É uma opinião dele. Não sei se é a melhor para o momento. Mas Jakson é um bom vereador, faz uma boa defesa, se ele seguir esse caminho, é uma decisão particular dele.

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