Taxa de transmissão da Covid-19 ainda indica expansão em Goiás
Maioria dos municípios com mais de 100 mil habitantes tem crescimento próximo a 1
Publicado: 28.09.2020
O grupo de modelagem de expansão da Covid-19 no Estado de Goiás publica nova nota técnica (NT nº 9) para estimar a taxa Re (número reprodutivo efetivo) de transmissão da Covid-19 no Estado. O resultado é que o último Re estimado para Goiás com a correção da defasagem foi igual a 1.042, com intervalo de confiança de 95% variando entre 0,804 e 1,232.
Esse valor é bem superior ao que seria se não fossem considerados os atrasos de notificação (um valor de 0,549), o que não condiz com a realidade do número de casos observados.
Os pesquisadores explicam que a Taxa R é o número de reprodução de uma doença infecciosa, ou seja, quantas pessoas um infectado contamina em média. Estimar essa taxa com dados reais hoje em Goiás e no Brasil todo é difícil pois há um grande atraso na notificação dos dados dependendo do município. Por isso o grupo realizou cálculos, descritos na NT, para estimar o número de casos por período em Goiás.
Na prática um R próximo a 1 significa que ainda estamos em processo de expansão da doença no Estado, ou seja, que cada pessoa contaminada, passa a doença para uma ou mais pessoas (já que o Re ainda é um pouco maior do que 1) e isso mantém um número de infectados ativos na sociedade, embora esse valor varie de acordo com o município e possa chegar a valores bem mais altos em locais onde a doença está em franca expansão.
O estudo reforça que devemos continuar adotando medidas não-farmacológicas e cuidados, incluindo medidas de higiene, uso de máscara mais frequente e distanciamento social sob pena de vermos os números subirem caso essas medidas não continuem a ser adotadas.
Esses valores são semelhantes aos estimados pelo Observatório COVID-19BR para o dia 14 de setembro (Re igual a 1,102, mas com intervalo de confiança a 95% entre 0,70 e 1,69), que utiliza uma abordagem Bayesiana para a projeção para o presente e está baseada em dados de casos hospitalizados da base SIVEP-Gripe.
Taxa nos municípios
Para os municípios com uma população maior que 100 mil habitantes em Goiás os índices estão próximos a 1. De modo geral, considerando os intervalos de confiança, todos esses municípios ainda poderiam apresentar valores de Re maiores do que 1,0 indicando ainda aceleração da pandemia (embora haja uma tendência de que o Re possa ser já inferior a 1,0 em Rio Verde e Aparecida de Goiânia).
Os valores de Re foram também estimados para os 246 municípios de Goiás, a partir dos dados corrigidos pela defasagem de confirmação. Esses valores foram estimados apenas para os municípios com mais de 50 casos confirmados em 23 de setembro e que tiveram novos casos nos últimos 30 dias.
Em função da variação do padrão de defasagem, optou-se por mapear a média dos valores de Re nos últimos 7 dias (referindo-se, portanto, às transmissões que potencialmente ocorreram no final de agosto/início de setembro).
Os pesquisadores explicam também que Re altos em populações pequenas precisam ser bem analisados em termos absolutos e não relativos (por ex. um aumento de 5 para 8 casos em uma cidade).
Mudanças no padrão de definição do R
Os valores de Re estimados após a consolidação dos casos confirmados até o início de agosto mostram alguns padrões importantes, já ressaltados nas notas técnicas anteriores. Em primeiro lugar, a partir dos decretos do governo estadual em março e abril, houve uma redução nos valores de Re que reduziram consideravelmente a expansão da pandemia em Goiás (reduzindo de > 1,7 para < 1).
Entretanto, à medida que o isolamento social diminui e aumenta a mobilidade de forma geral, houve um aumento das transmissões. Porém, a partir de final de maio/início de junho essa relação entre isolamento medida por telefonia celular e o Re tende a desaparecer e o número de transmissões começa a se reduzir rapidamente.
Algumas das hipóteses levantada pelos pesquisadores é que houve uma diminuição de indivíduos mais suscetíveis na sociedade (com maior probabilidade de contaminação), bem como do efeito de outras medidas não farmacológicas e cuidados que reduziram a transmissão da infecção.
Entre essas medidas incluem-se as medidas de higiene, uso de máscara mais frequente e mudança de comportamento da população, entre outros, que de alguma forma foram efetivas na redução da transmissão da infecção.
Confira a Nota Técnica nº 9
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Comunicação UFG