Terceira via ameaça surpreender mais uma vez na eleição em Anápolis
Candidatura do empresário Márcio Corrêa cresce nas ruas e nas redes sociais e coloca em xeque polarização entre atual e ex-prefeito
Publicado: 26.10.2020
A reta final da campanha eleitoral em Anápolis aponta para a possibilidade crescente de rompimento da polarização inicial entre o deputado estadual Antônio Gomide (PT) e o prefeito Roberto Naves (PP). E quem chega pisando no calcanhar dos dois candidatos é o empresário Márcio Corrêa (MDB).
É consenso no meio político da cidade que a campanha de Márcio cresceu nas ruas e nas redes sociais e ele se tornou mais conhecido da população com os programas de TV (era o único dos principais candidatos que nunca havia disputado uma eleição). Mas agora preocupa os adversários o fato de que ele pode ser o candidato mais complicado de ser enfrentado num segundo turno.
Isto porque o empresário é o menos rejeitado pelo eleitorado e tem um discurso bem calibrado, com conhecimento técnico da realidade de Anápolis e uma proposta de mudança política fortemente baseada em gestão. Roberto Naves tem o limitador dos desgastes da administração municipal e de sua imagem pessoal, enquanto Gomide, embora favorito, tem dificuldade de lidar com a reputação ruim do PT junto ao eleitorado anapolino, que se movimentou nos últimos anos mais para a direita. E neste aspecto Márcio também se beneficia de ter o ex-comandante da Base Aérea, Brigadeiro Bragança, como vice. Filiado ao Republicanos, Bragança é bem quisto pelos setores mais à direita de Anápolis.
Debate
Reflexo da preocupação com o crescimento da campanha emedebista foi o comportamento dos principais adversários no debate promovido pelo Portal 6, no domingo (25). Gomide preferiu não comparecer, mesmo após ter confirmado presença, e Roberto Naves evitou o tempo todo debater diretamente com Márcio. Situação bem diferente da observada no primeiro debate da campanha, promovido pelo GMais Brasil, no qual, também sem o candidato petista, o prefeito e Márcio polarizaram a discussão o tempo todo. Ao se esquivar do confronto neste último debate, Roberto quis evitar dar mais visibilidade a Márcio.
O candidato do MDB também é tido como um adversário complicado no 2º turno pela facilidade que teria de aglutinar apoio da maior parte dos demais concorrentes, enquanto Gomide e Naves têm mais dificuldade devido a embates anteriores e à própria configuração política local. Grande parte dos candidatos se recusa a fazer aliança com o PT e, ao mesmo tempo, tem restrições a Roberto Naves pela forma como ele e aliados conduziram os embates desde a pré-campanha.
Pesquisas qualitativas apontam que a campanha de Márcio tem sido bem recebida pelos anapolinos, por pontuar críticas à atual gestão sem deixar de apresentar propostas e sem partir para ataques pessoais. Reforça também a percepção sobre a competitividade do candidato, além do crescimento da sua campanha nas ruas, o histórico dos eleitores da cidade de evitarem prato-feito em eleições municipais.