Agrodefesa intensifica monitoramento de morcegos para evitar raiva em herbívoros
Captura dos morcegos é feita a partir de notificações de espoliação e por meio de fiscalizações e vigilâncias dos fiscais estaduais agropecuários (Fotos: Divulgação/Agrodefesa)
Ação integra estratégia desenvolvida para prevenir e controlar a doença, que é uma zoonose fatal e pode causar prejuízos econômicos e afetar a saúde humana
Publicado: 28.08.2023
A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa) intensifica o monitoramento de morcegos para evitar raiva em herbívoros. Equipes da Agência já realizaram 128 ações de controle desses animais, de janeiro a julho deste ano, especificamente dos hematófagos da espécie Desmodus Rotundus em Goiás.
As atividades que incluem a captura de animais e o monitoramento de abrigos integram o Programa Estadual de Controle da Raiva dos Herbívoros (PNCRH), desenvolvido com o objetivo de prevenir e reduzir a incidência da doença, que é uma zoonose fatal, que pode causar prejuízos econômicos e afetar a saúde humana.
De acordo com o coordenador do programa na Agrodefesa, Fernando Bosso, as ações são desenvolvidas em todo o estado, com foco principalmente nos municípios de maior risco para a doença.
O coordenador do programa informa que os locais de captura são escolhidos a partir de notificações de espoliação e também por meio de fiscalizações e vigilâncias realizadas pelos fiscais estaduais agropecuários.
“Esses profissionais identificam locais propícios para a instalação de colônias com presenças de morcegos hematófagos, e os abrigos são cadastrados para que possam ser monitorados periodicamente. Além disso, é verificada a evolução da população desses animais nos abrigos para saber se há circulação de raiva”, informa.
O presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta Ramos, acrescenta que a Agência tem adotado diversas estratégias para prevenir e controlar a raiva de herbívoros em Goiás.
“A atuação é desde a captura e o monitoramento de abrigos de morcegos até a vacinação nos municípios de alto grau para a doença no estado. Os nossos fiscais agropecuários também sempre estão em campo para ajudar no trabalho de educação sanitária, orientando produtores sobre medidas preventivas e levando informações mais técnicas. Tudo é feito para que a gente possa garantir, ao máximo, a segurança do produtor e da população”, enfatiza.
Raiva
A raiva dos herbívoros, que acomete bovinos, bubalinos, equídeos, caprinos e ovinos, além de mamíferos domésticos, é um mal causado por vírus e se caracteriza também como zoonose, porque afeta os humanos.
A doença é causada por um vírus RNA da família Rhabdoviridae, gênero Lyssavirus. A transmissão ocorre pela inoculação do vírus presente na saliva do mamífero infectado prioritariamente pela mordedura ou lambedura de mucosas.
A transmissão da doença possui quatro ciclos epidemiológicos distintos. No ciclo aéreo a doença é transmitida entre os morcegos; o ciclo silvestre, possui transmissão entre animais silvestres (exemplo: macacos e raposas); o ciclo urbano, é caracterizado por transmissão entre cães e gatos; e o rural envolve bovinos, bubalinos e equinos. A partir desses ciclos, a doença pode acometer os humanos.
De acordo com informações do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), por se tratar de uma zoonose que afeta diretamente homens e animais, o contato entre os animais infectados e a população humana propicia a transmissão da doença, o que faz da raiva um grave problema de saúde pública.
Os casos de animais positivos para raiva devem ser informados para as áreas competentes – em Goiás, pode ser por meio do Disque Defesa (0800-646-1122).
As atividades de comunicação de risco devem ser realizadas de forma a ampliar a notificação de casos suspeitos e evitar o contato da população com os animais expostos ao vírus.
Os profissionais que atuam na vigilância da raiva devem ser submetidos à profilaxia pré-exposição e à titulação de anticorpos periodicamente, conforme recomendações do Ministério da Saúde.