Receitas de merendeiras e estudantes da rede pública estadual viram livro

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Iniciativa é inédita por contemplar e reunir, de forma colaborativa, receitas produzidas por merendeiras e estudantes da rede (Foto: Seduc-GO)

Publicado: 05.09.2023

O Livro de Receitas foi idealizado em 2022 e lançado agora em agosto, como forma de valorizar o trabalho das merendeiras da rede pública estadual de Goiás e de reunir receitas criadas e feitas nas escolas da Seduc/GO. A obra ainda proporciona o compartilhamento de boas e ideliciosas ideias de uma escola com as outras e reforça formas criativas e inovadoras de preparo da culinária regional.

Assim, enquanto na região de Uruaçu, Norte de Goiás, as merendeiras Aparecida, Marly e Ana Paula cozinham um delicioso prato de Berinjela no Forno, no Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Alfredo Nasser, em Quirinópolis, no Sul do estado, a merendeira Rosa Arlete prepara uma Chica Doida, tradicional prato do estado, no Cepi Independência.

De acordo com a secretária da Educação de Goiás, Fátima Gavioli, “a coletânea é uma excelente oportunidade de proporcionar às merendeiras o compartilhamento de suas receitas e seus conhecimentos, havendo uma maior valorização de seu trabalho”.

A gerente de Alimentação Escolar da Seduc/GO, Terezilda Luiz, reforça a fala abordando que a ideia do livro é, principalmente, trazer sugestões de preparações que as escolas possam ir conhecendo e, à medida que forem tendo viabilidade, possam inserir no cardápio para melhorar, inclusive, a atratividade e aceitação dos alunos.

Segundo a gerente de Alimentação Escolar da rede, a principal diferença deste livro de receitas em relação a um convencional e comercial refere-se aos cuidados nutricionais que estabelecem a qualidade e valor de cada prato presente no livro.

“Quando se pensa em merenda escolar, há uma normativa bem delimitada que rege o programa. Pelo público e o propósito dessa obra, não há possibilidades de se colocar receitas apenas por serem boas. É preciso que estas atendam ao que dizem as resoluções, as normativas do Pnae”, aponta Terezilda.

Por isso, o Livro de Receitas da Seduc/GO foi elaborado, também, em parceria com os nutricionistas da rede, que fizeram o trabalho de buscar as receitas reunidas pelas coordenações regionais de Educação (CREs) que atendessem ao programa e organizar os valores nutricionais de cada prato ensinado.

“Nós solicitamos às unidades escolares, às CREs, que, se caso houvesse merendeiras com interesse em compartilhar receitas, mandassem para a gente colocar no livro”, afirmou um dos nutricionistas. Atualmente, o livro está sendo distribuído para todas as escolas da rede estadual da Educação.

Iniciativa é inédita por contemplar e reunir, de forma colaborativa, receitas produzidas por merendeiras e estudantes da rede (Foto: Seduc-GO)

 

BOBÓ SUPREMO DE LINGUIÇA DO DOM SUSU

A merendeira Suemi de Medeiros trabalha no Cepi Dom Abel Setor Universitário, em Goiânia, há 20 anos e ama inovar em suas receitas, com formas alternativas de cozinhar pratos para agradar aos 324 alunos da unidade em que trabalha. Em uma dessas buscas pela Internet, a merendeira encontrou uma versão de Bobó de Camarão mais econômica e viável de se preparar: o Bobó de Linguiça.

Então, ao preparar em sua casa a receita, viu que era gostoso e comentou com Jane Betier, coordenadora administrativa e financeira (Caf) do colégio, que sugeriu de incluírem o prato em um almoço dos estudantes para saber se aprovavam.

Segundo Suemi, “Teve 100% de aceitação, eles amaram. Então, a gente começou a incluir no cardápio do almoço”. Assim, surgiu o famoso Bobó Supremo de Linguiça Dom Susu, o carro-chefe do Dom Abel SU. Criatividade no nome dos pratos do livro de receitas é um requinte dos colaboradores muito presente em cada título.

Servido com um acompanhamento de arroz, feijão de caldo e salada de legumes frios, o prato é bem nutritivo. Para a merendeira, uma alimentação de qualidade é de extrema importância no ambiente escolar, “porque tem menino que vem para cá só para comer. Para alguns, a única alimentação disponível que eles têm é essa aqui. Por isso procuro fazer umas comidas bem variadas, para eles gostarem. E eu fico com muita dó porque tem menino aqui que come de repetir e eu sei que pode ser a única alimentação deles no dia”.

O prato realmente faz sucesso entre os alunos do Dom Abel. Daniel de Oliveira Costa, de 13 anos, é aluno do 8° ano do Ensino Fundamental e afirma que a alimentação no colégio é muito boa e que gosta muito do Bobó de Linguiça: “o pessoal aqui faz de tudo para suprir as nossas necessidades”.

Para o diretor do Cepi Dom Abel SU, Wanderson Barbosa, a Merenda Escolar faz toda a diferença no contexto da Educação: “a criança bem alimentada, bem nutrida, aprende mais, ela é mais feliz e produz muito mais”.

O gestor também ressalta a importância dos incentivos do governo ao comentar que, nos últimos anos, é notório o desenvolvimento da Merenda Escolar na rede estadual de ensino de Goiás, “tanto no repasse de verbas quanto na melhoria, na qualidade da merenda”, afirma.

Sorridente e carismática, Suemi afirma estar orgulhosa de seu trabalho: “Bom demais! De onde que ia imaginar isso na minha vida, numa escola estadual, com uma iniciativa dessa? Então, é muito importante”.

Wanderson, com muito orgulho, complementa: “Eu me sinto muito feliz, em saber que a minha equipe foi selecionada para integrar esse livro. Acredito que as nossas merendeiras, não só do Cepi Dom Abel SU, mas de todo o estado, são mulheres e homens também, muito criativos e guerreiros, e vem aí a somar com a nossa Educação que, com certeza, é a melhor do estado, do país”.

BOLINHO DO CASTELLO: UMA RECEITA DE ESTUDANTES

Ilana, Isabela, Letícia e Sarah foram as quatro estudantes do Cepi Presidente Castello Branco que, juntas, elaboraram a receita do Bolinho do Castello, único prato idealizado por alunas do livro.

Segundo Isabela, de 17 anos, que atualmente está na 3ª série do Ensino Médio, o convite surgiu no ano passado, pelo seu professor de Química, que tinha avisado sobre o livro em sala e logo as quatro amigas toparam o desafio.

O bolinho, que tem como base batata e farinha de aveia, é recheado com bacon e mussarela, além de conter outros ingredientes. De acordo com Isabela, a ideia do prato veio de uma conversa logo após o convite.

“Eu e as meninas estávamos discutindo o que a gente podia fazer e uma de nós disse que podia ter batata na receita, porque tudo com batata ficava gostoso, e aí a gente começou a fazer algumas pesquisas para ver o que a gente podia complementar que fosse viável para a escola e aí deu no que deu”.

Cozinhar, para Isabela é uma paixão, um hobby: “Eu gosto bastante de cozinhar, não sou muito boa, mas estou procurando melhorar e já tive avanço”. Atualmente, apenas ela e Ilana continuam no Cepi Presidente Castello Branco, em Goiânia.

Editado por Hosana Alves via Secretaria de Estado da Educação de Goiás- Seduc

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