Surto de gastroenterite em Goiás alerta pais e confunde sintomas com meningite

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Especialista esclarece as diferenças entre as doenças e a importância da vacinação para prevenção da meningite

Publicado: 18.08.2024

Desde maio, Goiás enfrenta um surto de gastroenterite que já soma cerca de 3 mil casos registrados em todo o estado, de acordo com a Secretaria Estadual de Saúde. O aumento expressivo nos casos tem gerado apreensão entre os pais, que frequentemente confundem os sintomas da gastroenterite com os da meningite, uma doença que também preocupa devido a recentes surtos em Anápolis e região. A pediatra Carolina Melo Piloni oferece orientações sobre como identificar e prevenir essas enfermidades.

Com sintomas iniciais semelhantes, como febre e vômito, a gastroenterite e a meningite têm levado muitos pais a procurar consultórios e pronto-socorros pediátricos, temendo o pior. Porém, é crucial compreender as diferenças entre as duas condições e a importância de vacinar as crianças contra a meningite para evitar complicações graves.

Gastroenterite

Desde o início de maio, Goiás tem enfrentado um aumento significativo nos casos de gastroenterite, uma inflamação do trato gastrointestinal que provoca sintomas como diarreia, vômito e dor abdominal. Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, cerca de 3 mil casos já foram reportados pelos serviços municipais de saúde em todo o estado. O surto preocupa, principalmente devido à sua alta transmissibilidade em ambientes como escolas e creches.

“A gastroenterite é uma doença comum, especialmente entre crianças, mas o atual surto está assustando muitas famílias, pois os sintomas iniciais podem ser facilmente confundidos com os da meningite, que é uma condição muito mais grave”, explica a pediatra Carolina Piloni, que atende em Anápolis, uma das cidades mais afetadas pelos recentes surtos de meningite.

A semelhança nos sintomas entre a gastroenterite e a meningite tem sido uma das principais razões para o aumento nas visitas aos consultórios e pronto-socorros pediátricos. “Os pais ficam naturalmente alarmados quando seus filhos apresentam febre alta e vômitos, que são sintomas comuns a ambas as doenças. Isso é especialmente verdadeiro em Anápolis, onde tivemos alguns casos fatais de meningite recentemente”, relata a Dra. Carolina.

Enquanto a gastroenterite geralmente se resolve com cuidados básicos e hidratação adequada, a meningite, especialmente a bacteriana, pode evoluir rapidamente e levar a complicações graves, incluindo a morte. “É fundamental que os pais fiquem atentos a outros sintomas que podem indicar meningite, como rigidez no pescoço, fotofobia (sensibilidade à luz), e manchas vermelhas na pele, que não desaparecem ao pressioná-las”, orienta a médica.

Vacinação

Diante do medo gerado pelos surtos de meningite, Carolina Piloni reforça a importância da vacinação como principal medida de prevenção. “A vacinação contra a meningite é essencial para proteger as crianças, especialmente contra os tipos mais graves da doença, como a meningite bacteriana. No Sistema Único de Saúde (SUS), temos vacinas disponíveis para grupos de risco, mas é importante verificar se o calendário vacinal das crianças está em dia, incluindo vacinas como a Meningo B e a ACWY, que podem ser adquiridas em clínicas particulares”, explica.

Além disso, a médica destaca que adultos também podem se vacinar contra a meningite, especialmente aqueles que convivem com crianças ou pertencem a grupos de risco. “A vacina Meningo B é relativamente nova e está disponível apenas em clínicas particulares, mas pode ser uma medida preventiva importante para adultos que desejam se proteger”, acrescenta.

Avaliação

Embora a vacinação seja uma ferramenta poderosa na prevenção da meningite, a Dra. Carolina enfatiza a importância de uma avaliação médica adequada para o diagnóstico correto, especialmente quando há suspeita de meningite. “Quando a criança apresenta sintomas preocupantes, como febre alta e vômito persistente, é crucial que os pais busquem atendimento médico imediato. O diagnóstico da meningite, particularmente da bacteriana, pode exigir exames específicos, como a punção lombar para análise do líquor, que é o padrão-ouro para confirmar a doença”, esclarece.

Ela ressalta, no entanto, que a realização desse exame deve ser criteriosa e feita apenas quando absolutamente necessário, devido ao seu caráter invasivo. “Nem toda criança com febre e vômito precisará passar por uma punção lombar. Por isso, a avaliação clínica detalhada e a experiência do médico são fundamentais para decidir os próximos passos no diagnóstico e tratamento”, afirma.

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