Trecho anapolino da BR-414 é marcado por acidentes graves
ANDRÉ FELIPE RIBEIRO
No dia 12 de março, um domingo, por volta das 20h, um acidente na BR-414, próximo ao trevo da Base Aérea de Anápolis (Baan), resultou em mais uma tragédia pessoal: uma jovem perdeu parte da perna esquerda quando foi atingida por um veículo em alta velocidade. Ela estava na garupa de uma motocicleta quando um carro, em alta velocidade, bateu na traseira de outro veículo, que invadiu a pista contrária, onde seguia a motocicleta onde viajava a mulher.
Militares do Corpo de Bombeiros ainda tentaram localizar a perna da jovem, esperançosos que o reimplante pudesse ser feito no Hospital de Urgências Dr. Henrique Santillo (Huana). O condutor da moto quebrou um braço e uma perna. O dono do carro que provocou o acidente pegou seus documentos e fugiu do local a pé.
A mutilação da jovem antes de completar 30 anos de vida comoveu a muitos e uma campanha foi iniciada nas redes sociais, pedindo ajuda para equipamentos indispensáveis para ela a partir de agora: muleta, cadeiras de rodas e cadeira para banho. Sua readaptação à vida, infelizmente, como acontece nesses casos, será lenta e dolorosa.
O acidente é só mais um neste trecho da BR-414. O inspetor da Polícia Rodoviária Federal Luciano Clemente lembra que se trata de uma rodovia movimentada, pois dá acesso a dois importantes destinos turísticos de Goiás, Pirenópolis e Corumbá, além de ser uma alternativa para quem vai para o norte do País, principalmente devido às más condições da BR-153.
Além do grande fluxo de carros de passeio e caminhões, outro fator que deixa o trecho perigoso é a sinuosidade da pista, com bastantes aclives e declives, além de curvas acentuadas e pontes no trecho entre Anápolis e Cocalzinho de Goiás. “As condições do pavimento e sinalização são boas, porém a rodovia tem acostamento estreito”, explica o inspetor da PRF.
O trecho da BR-414 sob jurisdição da PRF de Anápolis registrou 829 acidentes entre 2012 e 2016. Foram 130 mortes neste período. Luciano Clemente frisa que esses números veem caindo a cada ano, embora não deixem de preocupar e mobilizar, obviamente os inspetores.
A característica de via de ligação para cidades turísticas pode ser observada quando se fala nos dias de maior incidência de acidentes na BR-414: sexta, sábado e domingo, entre 15h e 18h. Segundo o inspetor, a maioria dos casos ocorre por desobediência à sinalização, sobretudo ultrapassagem em locais proibidos. “Soma-se a isso os casos de direção alcoolizada, excesso de velocidade e acidentes envolvendo veículos pesados [caminhões], principalmente saídas de pista, onde frequentemente o condutor dorme ao volante”, frisa Luciano Clemente. Acrescente-se ainda nas principais causas os atropelamentos de animais, algo que acontece muito na região.
Duplicação
Em visita à Câmara Municipal nesta semana, o deputado federal Rubens Otoni (PT) disse que já tinha apresentado um projeto para duplicação da BR-414, no trecho que interessa Anápolis e cidades próximas, ao Dnit. A papelada está parada no órgão federal e depende de esforços políticos e cobranças da comunidade para que tenha andamento.