Tudo é grana | por Marcos Vieira

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Tudo é grana. Neymar Júnior deixou o Barcelona e foi para o PSG porque vai ganhar mais. Esqueça qualquer outra teoria. Ele vai ter mais chance de ser o melhor do mundo? Ele precisa de novos desafios? Pode até ser minimamente isso, o jogador e o seu pai devem ter escutado tudo isso dos franceses, mas no fim fizeram a pergunta mágica que diz muito sobre os brasileiros: quanto eu vou levar nisso?

Tudo é grana. O presidente Michel Temer acenou com cargos e emendas e levou para seu lado um bando de deputados que lhe garantiu a permanência no cargo. Foi uma das maiores compras de votos da história do nosso Congresso Nacional. Diante do injustificável de barrar uma investigação, sobretudo havendo indícios de crimes, muitos deputados nem se justificaram ao microfone. Eles diziam simplesmente “sim” para o arquivamento da denúncia, viravam as costas e partiam para o conforto de seus gabinetes.

Entre os que votaram a favor de Temer, a principal justificativa também tinha ligação com dinheiro. Diziam que seria arriscado para a estabilidade econômica qualquer mudança nessa altura do desastre que se tornou esse mandato. Ou seja, tentaram fisgar a opinião pública – ou pelo menos manter os 5% que ainda aprovam o presidente – apelando para o bolso de cada um. Estamos enfrentando uma crise sem precedentes, mas sem Michel Temer estaríamos no limbo, vivendo da ajuda humanitária da ONU.

A cada votação dessa magnitude, com transmissão ao vivo pela TV aberta, o povo tem a oportunidade de perceber o comportamento dos deputados federais e, lógico, se envergonhar. Não adianta, cada uma dos estados brasileiros tem o seu boçal, despreparado e que causa constrangimento mesmo quando faz uso da palavra por meros 10 segundos. É gente que está nessa por grana. Quantos estavam ali com uma intenção sincera? Zero. Quem não passou no balcão do Palácio do Planalto estava bradando a saída do presidente porque tem o interesse, lá na frente, de ocupar os espaços de poder que ficariam vagos com um novo afastamento.

Há vários questionamentos quando o brasileiro olha para a Câmara dos Deputados. O único ilegítimo quando se pensa de forma democrática é que a Casa não ter serventia para nada. Pelo contrário, trata-se de um instrumento importante para a vida pública brasileira. O erro passa pela quantidade exagerada de cadeiras e a exorbitante soma de recursos financeiros disponíveis para cada excelência que pisa aquele “solo sagrado” por um período de quatro anos.

Votar corretamente é o caminho. E já que o pensamento passa sempre pela grana, que cada brasileiro trate a escolha de um deputado como uma decisão que vai mexer com o seu dinheiro. Porque acaba sendo isso mesmo. Tudo é grana, enfim.

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