Campanha Outubro Rosa é chance para ampliar prevenção ao câncer

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 25% dos casos de cânceres que acometem o sexo feminino são nas mamas

ANA CLARA ITAGIBA

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 25% dos casos de cânceres que acometem o sexo feminino são nas mamas. No Brasil, a taxa é de 56,2 casos para cada 100 mil mulheres. Esse é o tipo de câncer mais comum e o que mais mata as brasileiras, depois do câncer de pele do tipo não-melanoma. Diante desse cenário devastador, a campanha Outubro Rosa foi criada com o objetivo de discutir o assunto.

De acordo com o médico mastologista João Bosco Machado da Silveira, a realidade de Anápolis não é diferente do contexto nacional e por isso é necessário promover debates acerca do tema entre a população. “Recomenda-se que a mulher acima de 40 anos, mesmo que não apresente nenhum fator de risco, deve fazer a mamografia e o autoexame. Vale ressaltar que o autoexame não faz o diagnóstico precoce como a mamografia, pois normalmente a mulher só consegue diagnosticar [a doença] quando já está em estado avançado”, disse.

Em países desenvolvidos, as mulheres são convocadas para fazer a mamografia depois de certa idade. Caso o resultado dê positivo, elas são encaminhadas para um especialista. Se não houver nenhuma alteração, elas recebem uma carta convocando-as para um novo exame no próximo ano. “No Brasil, infelizmente nós não temos um programa de rastreamento de câncer, como nos países mais desenvolvidos. O nosso rastreamento é o oportunista, o paciente vem, a gente vê a idade e pedimos a mamografia, não é algo a nível populacional. Aliás, o que se tem é muita dificuldade, até para conseguir uma mamografia”, frisou o médico.

João Bosco ainda disse que muitos não sabem, mas a doença também afeta os homens. Cerca de 1% dos cânceres de mama atinge os homens, isso significa que a cada 100 casos, um acontece em homem e 99 acontecem em mulheres. “O câncer em homem é mais fácil de identificar, uma vez que como quase não tem mama, se aparecer um nódulo, ele deve procurar um atendimento médico imediatamente. Geralmente são pacientes com mais de 60 anos”, explicou.

Os médicos especializados em oncologia e mastologia são os responsáveis pelo tratamento do câncer de mama, mas outras especialidades, como a ginecologia e o médico da família, são fundamentais no processo de identificação e diagnóstico da doença. “Muitas vezes a paciente só os procura, então eles também fazem a mamografia e quando dá alguma alteração eles encaminham para um mastologista”.

Como lidar?
O mastologista explicou que de maneira geral, é muito difícil dar essa notícia ao paciente e a família, mas o médico deve ser franco e esclarecer tudo aos envolvidos. “É uma doença importante, um tratamento importante e com efeitos colaterais importantes. Então não é fácil e o câncer, quando diagnosticado mais tardio, leva a um índice de mortalidade alta, então não é fácil”.

Busca-se orientar quanto à importância do tratamento e sobre o que ela deve enfrentar, e que apesar de ser um momento difícil, as chances de cura são consideráveis. “Quando diagnosticados precocemente, as chances de cura são acima de 95%”, afirmou.

O acompanhamento com uma equipe multidisciplinar também é fundamental. Uma pessoa diagnosticada com câncer deve ter um acompanhamento psicológico e assistência social, uma vez que muitas são pessoas carentes. “O apoio familiar também é importante. Eles devem estar perto, ajudando e dando conforto ao paciente durante o tratamento. Nós, que somos médicos, devemos deixar uma porta aberta a essa paciente, para o que precisar e para esclarecer dúvidas”, esclareceu.

Prevenção
Para prevenir o câncer o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) se baseia no controle dos fatores de risco e no estímulo aos fatores protetores, especificamente aqueles considerados modificáveis. Acredita-se que por meio da alimentação, nutrição e atividade física é possível reduzir em até 28% o risco de a mulher desenvolver câncer de mama. Controlar o peso corporal e evitar a obesidade, por meio da alimentação saudável e da prática regular de exercícios físicos, e evitar o consumo de bebidas alcoólicas, são recomendações básicas para prevenir o câncer de mama. A amamentação também é considerada um fator protetor.

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