Frente Parlamentar promete atuar pela segurança pública
Câmara terá grupo voltado para propor ações que ajudem a conter a violência que assusta o anapolino atualmente
MARCOS VIEIRA E FERNANDA MORAIS
Os problemas relacionados à segurança pública de Anápolis foram destaques nos pronunciamentos dos vereadores ao longo das sessões ordinárias desta semana na Câmara Municipal. Na segunda-feira (9), por exemplo, foi lida uma Moção de Pesar, proposta pela vereadora Professora Geli Sanches (PT), à família do médico veterinário João Pedro Alarcão, morto durante uma tentativa de assalto na Avenida JK, no domingo (8).
Na terça-feira (10), o vereador Pastor Elias Ferreira (PSDB) apresentou requerimento pedindo a criação de uma Frente Parlamentar de Segurança Pública. O documento teve adesão de todos os parlamentares que estavam no plenário durantes as discussões da proposta.
O vereador do PSDB disse que teve o aval do presidente Amilton Filho (SD) para a criação da Frente Parlamentar. “Com isso a gente ganha força para cobrarmos juntos aos governos nas esferas municipal, estadual e federal. A frente tem mais força. Agora não chegamos sozinhos, chegamos com um grupo”, explicou.
Além de buscar apoio para as forças de segurança, que precisam de mais aparato e pessoas para combater o crime, Pastor Elias acredita que a Frente Parlamentar pode atuar também na prevenção. Uma das formas é realizando um trabalho nos bairros, em igrejas e associações de moradores, buscando valorizar a família e trabalhando propostas que evitem a entrada de jovens no mundo das drogas.
O vereador falou ainda que apesar de não ter as condições ideais, as polícias Civil e Militar de Anápolis realizam um trabalho heróico no combate ao crime. Elias disse que tem cobrado o governo estadual para que envie mais viaturas para a Companhia de Policiamento Especializado (CPE), que recentemente fez a formatura de 34 novos integrantes.
O presidente Amilton também falou da importância da Frente Parlamentar e reafirmou o apoio da Mesa Diretora às ações que visam garantir mais segurança pública à população de Anápolis. “É uma oportunidade para darmos ênfase a uma demanda que atinge toda a sociedade e que vem sendo discutido com frequência em plenário”, comentou.
O Regimento Interno da Câmara Municipal regulamenta no artigo 66 que os vereadores podem criar frentes parlamentares como instrumento de ação coletiva. Esse grupo de trabalho preconiza incentivar e assistir estudos relativos a temas de interesse social, econômico e político. O requerimento da Frente Parlamentar precisa ser subscrito por no mínimo 1/3 dos membros da Câmara e deve ser deferido pelo presidente.
Trânsito
Ainda sobre a questão da Segurança Pública, Pastor Elias disse que encaminhou requerimento ao delegado Regional de Anápolis, Fábio Vilela, pedindo o retorno da delegacia de combate a crimes no trânsito. “O delegado Manoel Vanderic estava fazendo um ótimo trabalho. Talvez com verba do banco de horas da Prefeitura, poderia ser estudado um jeito dessas ações no trânsito acontecerem pelo menos uma vez na semana”, justificou.
O vereador considerou a possibilidade depois de quase ser vítima de um acidente na Avenida JK. “Um homem, bêbado quase bateu no meu carro, e vi que ele estava segurando uma lata de cerveja. No último domingo um jovem se acidentou em um acidente na Pedro Ludovico, pelas redes sociais acompanhei o caso. Era um jovem, em alta velocidade e também dirigindo bêbado”, concluiu.
Demandas
O pedido do tucano ganhou apoio do vereador Antônio Gomide. O petista acrescentou outros pontos relacionados à segurança pública que merecem a união do Legislativo, Executivo e Judiciário, como por exemplo, o retorno do 2º Distrito Policial que há mais de 40 dias está funcionando no antigo prédio da regional da Polícia Civil, no centro da cidade. Antes a delegacia estava instalada em uma casa na Rua Guimarães Natal, no Bairro Maracanã.
“Além das barbaridades que acontecem no dia-a-dia, é preciso ver as questões estruturais. Essa saída dos distritos dos bairros leva sensação de insegurança para a população”, ressaltou Gomide acrescentando outro problema antigo da segurança pública no município, a superlotação do Centro de Inserção Social (CIS), de Anápolis.
Na quarta-feira (11) o vereador do PT sugeriu uma Moção de Apelo, que foi assinada por todos os presentes requisitando a transferência imediata de parte dos detentos que estão na antiga cadeia, como medida emergencial, para o novo presídio de Anápolis. O documento é direcionado ao governador Marconi Perillo (PSDB) e ao atual secretário estadual de Segurança Pública, Ricardo Balestreri.
A Moção de Apelo pede ainda que o ato seja comunicado ao Ministério Público de Goiás e ao Poder Judiciário, na pessoa do presidente do Fórum de Anápolis, juiz Ricardo Silveira Dourado.
Entre as motivações para o pedido do vereador foi a morte de um preso no CIS, vítima de espancamento de outros detentos durante um banho de sol. Atualmente o local abriga quase 800 pessoas, entre condenados e aqueles que aguardam julgamento, em um espaço que comportaria no máximo 260. Outro fator destacado pelo político.
Gomide lembrou que há oito anos a Câmara Municipal autorizou que o Executivo doasse uma área ao Estado para a construção de um novo presídio, mas a cidade ainda não foi beneficiada com isso.
“Vamos esperar que esse grande barril de pólvora, que é a cadeia antiga, exploda? Que possamos tomar uma atitude concreta. Fazer um documento hoje, juntando esforços com o Ministério Público e o Judiciário, pedindo pelo menos parte da transferência de presos para o novo presídio”, frisou Gomide.
O vereador Luiz Lacerda (PT) disse não acreditar que o governo atual irá reformar o novo presídio, que segundo as autoridades foi destruído pelos quase 500 detentos que ficaram alguns meses no local, transferidos da Penitenciária Odenir Guimarães (POG). Para justificar o uso imediato do local, Lacerda lembrou que esses presos que vieram de Aparecida de Goiânia ficaram encarcerados no novo presídio, mesmo com a alegação que as instalações foram parcialmente destruídas.
Lélio Alvarenga (PSC) cobrou da bancada do PSDB que interceda junto ao governo estadual para resolver a situação do sistema carcerário local. “Ou faz [a reforma] agora ou não faz mais. Porque depois que passar a eleição, só vão se preocupar com isso daqui a quatro anos”, discursou.
O vereador Leandro Ribeiro (PTB) fez coro às críticas, frisando o absurdo de uma cidade do porte de Anápolis ter uma cadeia cujos presos saem da porta da frente ou simplesmente saem mortos, espancados por companheiros de carceragem. “Esse presídio obsoleto precisa ser interditado”, completou.