Editorial Edição 662 | A crise no cotidiano

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Invariavelmente nos últimos tempos esse espaço tem sido ocupado por análises nada positivas do cotidiano, porque é isso que se transformou o País: uma República da Corrupção – assim mesmo, com iniciais maiúsculas, usadas em nomes próprios, porque a principal característica dos nossos políticos (roubar) impregnou instituições públicas e feriu de morte o pouco que nos restava de esperança.

A crise econômica, que se alimenta da crise política, tem provocado estragos. O fechamento de postos de trabalho diariamente – mesmo que em um ritmo menos acelerado hoje do que no ano passado – ilustra bem o tamanho da recessão. Anápolis tem sofre com esses altos e baixos, mesmo se tratando da cidade com um dos principais polos industriais da região central do Brasil, berço de grandes laboratórios farmacêuticos e de uma montadora de veículos.

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que ainda está longe de a gente alcançar o que a economia já foi um dia. Antes mesmo de nos acostumarmos com a bonança, foi percebido que se tratava de algo extremamente artificial e o Brasil não resistiu a uma regra simples da matemática: não se pode fazer retiradas maiores do que as entradas o tempo todo, pois uma hora o sistema rui.

Entre os setores que tradicionalmente empregam, o comércio é o que vem sofrendo maiores perdas ao longo dos anos. Isso sem levar em conta a construção civil, que já foi o símbolo do aquecimento da economia e hoje sofre com uma gangorra que deixa qualquer possível investidor no setor preocupado. Nem mesmo uma data importantíssima para o aquecimento das vendas, o Dia das Crianças, consegue garantir algo suficientemente animador para os empresários.

O que se nota é que os pequenos e médios empresários seguraram até quando puderam antes de começar a demitir funcionários. Esse esforço acabou por esgotar reservas e comprometer a existência de alguns negócios. Com o fechamento de empresas e demissões de empregos formais, a tendência é que muita gente vá buscar a sobrevivência na informalidade. Em Anápolis, esse fenômeno também pode ser percebido, como se vê nas calçadas do Centro e cruzamentos com semáforos.

Embora o povo suplique o fim da crise, políticos estão interessados apenas em salvar os próprios pescoços e seguir se alimentando do poder, em um círculo vicioso que parece não ter fim mesmo após tantas prisões e descobertas de esquemas corruptos. 2017 será um ano perdido?

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