Eu amo gente | por Orisvaldo Pires

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É inegável que alguma coisa mudou – para pior – na forma de nos realacionar com o próximo. E os motivos são incontáveis. O relativismo do mundo capitalista, o distaciamento no contato entre os seres humanos ajudado pelo advento das novas tecnologias de comunicação, o esfriamento da fé em Deus e nas pessoas, a ganância dos insaciáveis pelo poder que destroem os princípios da dignidade humana sem se importar com as consequências, e os ataques à integridade da família. Alguns deles.

Em sua teoria evolutiva, Charles Darwin vê os indivíduos de uma mesma espécie com variações em todos os caracteres, não sendo portanto idênticos entre si. E que, na luta pela vida, os que apresentam variações favoráveis às condições do ambiente onde vivem têm maiores chances de sobreviver, quando comparados àqueles cujas variações são menos favoráveis. De forma simplória, neste contexto, é possível então entender que o endurecimento do coração dos homens advém um processo de adaptação ao perfil atual de um mundo onde ocorrem inúmeras guerras, degradação ambiental, desigualdade intelectual e social.

É notório que o isolamento social, seja voluntário ou por exclusão, concorrem para comportamentos radicais e petrificam sensibilidades. O indivíduo passa a entender regras próprias, distantes das normas que regem a sociedade como um todo. Assim, comprometem sua capacidade de raciocinar, sentem-se desprezadas pelos demais e, no fim da estrada, corre o risco da prática de atos extremos. Vejam o que ocorre nos dias atuais com na relação entre os Estados Unidos e a Coréia do Norte. De um lado a nação mais potente do mundo, fechada em sua soberba bélica e arrogância social, e do outro uma comunidade restritaem suas fronteiras e isolada do mundo, que para defender convicções que julga correta não hesita em ameaçar o mundo com uma guerra nuclear.

A degradação nas relações humanas acontece por meio de situações simples, que se desgastam no dia-a-dia, que abandonamos pelo caminho e apenas percebemos quando sua consequências já nos transformaram quase que por completo. Além do enfraquecimento na fé, os indivíduos também são afetados em seu espírito cívico, no caráter, no comportamento ético, no respeito ao próximo. Você conhece uma escola onde, antes das crianças entrarem para a sala de aula, perfilados no pátio fazem a oração comum e cantam o hino nacional. Isto foi se perdendo no tempo, assim como a importância das aulas de Moral e Cívica, e Organização Social e Política do Brasil (OSPB).

A pirâmide social é catastrófica. Cada dia mais a pontinha superior do triângulo fica ainda mais pequena, no escândalo da desigualdade que mata pessoas e, entre as que sobram, provoca distanciamento. As pressões quotidianas provocam sofrimento físico e psicológico, a ponto de produzir indivíduos como aquele que do alto de um prédio atirou e matou dezenas em uma atividade de lazer em Las Vegas (EUA) ou o vigia da creche em Janaúba (MG) que utilizando álcool ateou fogo no próprio corpo e de várias outras criançinhas. E mesmo grande parte dos políticos brasileiros que assaltam os cofres públicos, desviam recursos e promovem corrupção. Os mesmos que conseguem aprovar bilhões para campanhas eleitorais, mas pouco ou nada se esforçam para assegurar atendimento digno em hospitais e escolas.

Em Porto Alegre e em São Paulo, o Banco Santander patrocinou exposições supostamente “artísticas” nas quais as peças exibidas vilipendiaram a fé dos cristãos e mostraram figuras que promovem a pedofilia e a zoofilia. Uma abominação que, embora muitos apostassem, não passou despercebida. A inversão dos valores que implodem a dignidade humana é fruto do nosso afastamento, do distanciamento das pessoas, do isolamento enquanto indivíduos. É necessário resgatar a fraternidade, o carinho com as pessoas, o respeito aos pais, às crianças e aos mais velhos, a gentileza com o próximo, com atitudes nas quais não haja espaço para inveja, ganância, ódio e vaidade. Eu amo gente!

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