Longa espera | Editorial Edição 678

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Os avanços no poder público no Brasil são lentos e parece que temos que acostumar com isso. O caso do presídio de Anápolis, entregue há duas semanas, é exemplo claro disso. Foram nove anos desde a doação de um terreno para o Estado até a sua efetiva concretização.

Em 2009, quando a Câmara Municipal de Anápolis aprovou lei do Executivo que autoriza a entrega de uma área de grande porte para o governo estadual, com a finalidade de se construir uma unidade prisional, existia a promessa de que tudo ficaria pronto em poucos meses. Hoje a gente vê que o otimismo dos discursos ficou só nisso mesmo.

Parece piada, mas é possível acreditar que o Brasil terá sim grandes projetos de infraestrutura que só são vistos em países de primeiro mundo. A diferença é que lá as benfeitorias foram feitas em poucos meses. Aqui, vão demorar décadas. Ou seja, é apenas uma questão de paciência do povo brasileiro.

Inaugurado o novo presídio local, a discussão agora é se ele, mesmo cravado em solo anapolino, servirá para melhorar o nosso sistema prisional ou terá função de atender a todo o Estado de Goiás. A tendência é a regionalização mesmo – já tem lei aprovada na Assembleia Legislativa estabelecendo isso. Mas, bem, até nisso talvez dê para olhar com otimismo. Veja bem: até outro dia nosso problema era não ter um presídio.

Os políticos daqui estão tentando mudar essa realidade. Eles querem tornar o presídio algo que atenda os interesses da nossa segurança pública, amenizando assim a superlotação da antiga cadeia. Mas agora parece ser um pouco tarde. A lei aprovada pelos deputados estaduais passou sem que ninguém notasse seu potencial de mexer com Anápolis. Ela será revogada? Parece ser improvável.

A regionalização dos novos presídios poderia ser algo que a população nem notasse. Se o sistema cumprisse efetivamente sua função, o cidadão comum nem teria ideia de onde são os presos que estão nas unidades da cidade. É lógico que haveria transtornos para parentes dos detentos, que teriam que ir até outra localidade visitar seus entes, mas aí seria algo que atingiria uma parcela bem menor da sociedade, passível de uma resolução mais rápida.

Mas apesar de pagarmos tantos impostos para que os governantes cuidem com decência da segurança pública, precisamos ficar torcendo para que eles consigam o mínimo: manter um preso realmente preso, sem comunicação com o mundo exterior e com todas as regulamentações que existem na lei.

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