Sanatório Espírita decide que não receberá novos pacientes

 

Fachada Hospital Espírita de Psiquiatria (2)

Fundado em 1950, o HEP conta com 340 leitos e é um dos únicos na região central do Brasil a internar dependentes químicos, inclusive aqueles que são alvos de decisão judicial

MARCOS VIEIRA

O Hospital Espírita de Psiquiatria (HEP), mais conhecido como Sanatório Espírita, promete reduzir de forma drástica o atendimento de pacientes a partir de segunda-feira, dia 11 de janeiro, devido à falta de dinheiro. O diretor administrativo da unidade, Cauby Moreira Pinheiro, receberá a imprensa para explicar os motivos do quase fechamento do HEP.

A ideia é não receber novos pacientes. Aqueles internos com o tratamento em estágio mais avançado receberão alta. Só ficam no hospital as pessoas que não têm a mínima condição de ir para casa.

Fundado em 1950, o HEP conta com 340 leitos (todos sempre ocupados), 287 profissionais, entre funcionários administrativos, equipe médica, enfermagem e auxiliares, fora o serviço de manutenção. O hospital recebe 50% dos doentes mentais e dependentes químicos de 96 municípios goianos. São fornecidas cinco refeições diárias para cada paciente, sandálias, roupas e todo o enxoval de cama e banho, além de todos os exames e medicamentos. Ou seja, o custo é alto.

Acontece que a diária paga pelo SUS é de apenas R$ 33,95, recursos que somados são insuficientes para o funcionamento adequado do hospital. A situação financeira é insustentável há um bom tempo. O HEP vem sofrendo, nos últimos anos, sério risco de fechar as portas.

O hospital tem firmado convênios para repasses de recursos com o Governo de Goiás e a Prefeitura de Anápolis. As parcelas mensais desse compromisso geralmente atrasam. O que a unidade anseia, de fato, é uma complementação da diária do SUS. Seriam R$ 42 por diária, como já acontecem com três hospitais com as mesmas especialidades do HEP, localizados em Goiânia.

Para a direção do HEP, esse complemento de diária seria vital e garantiria a autonomia financeira do hospital, podendo, inclusive dispensar, no futuro, os convênios com o Estado e a Prefeitura de Anápolis. Sem essa medida fundamental, não há condições de manter o funcionamento do hospital, que entraria em surto financeiro.

HISTÓRICO

O Hospital Espírita de Psiquiatria foi fundado no dia 23 de abril de 1950. Anápolis encontrava-se em franco desenvolvimento, advindo em parte pela chegada dos trilhos da Estrada de Ferro Goiás, em 1935, colocando o município como principal centro comercial cerealista de Goiás. Também colaborou o desenvolvimento de outros projetos do governo federal na época.

Anápolis tornou-se uma cidade polo. Para ela acorriam todas as realizações importantes na região, e nela buscava-se recurso econômico, educacional, médico etc. A capital não oferecia muitos dos recursos que eram encontrados em Anápolis.

Mas, nem todos que chegavam com a expectativa de encontrar recursos eram bem sucedidos. No caso dos mais carentes financeiramente, cresceu muito o número dos que não encontravam atendimento. A situação se agravava ainda mais para o portador de algum transtorno mental.

Foi nesse contexto social, quando também se intensificava o processo do êxodo rural em nosso país, que pessoas do movimento espírita local juntaram esforços para criar uma instituição de amparo a esses necessitados. A 6 de janeiro de 1952, eram inauguradas as primeiras instalações, ainda muito simples, mas suficientes para abrigar as cinco pessoas já internadas.

 

 

 

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