Crise aumenta procura por livros usados

Economia pode chegar a 70% na compra de livros didáticos. Pais afirmam que sebos são opção viável para venda e troca de livros

Marcos Aurélio Silva

Depois de um ano economicamente difícil, o consumidor saiu às ruas de Anápolis nos primeiros dias de 2016 com um objetivo claro: economizar. Na busca pela material escolar para a volta às aulas, por exemplo, o livro didático é o carro-chefe e tem garantido o faturamento das livrarias que comercializam o produto. E, segundo os empresários do segmento, a procura pelo livro de segunda mão é grande, já que implica em uma economia que pode chegar aos 50%.

Com uma diversidade de livros cada vez maior, os chamados sebos estão ganhando lugar na preferência daqueles que querem economizar nessa época do ano. Na livraria Cultural, no Centro de Anápolis, a venda de livros didáticos usados cresceu cerca de 50% entre dezembro de 2015 e os primeiros dias de janeiro. Essa procura deve aumentar ainda mais com a proximidade do início do ano letivo. Esse comportamento do mercado já era previsto, por isso a livraria também se preparou reforçando estoque.

O gerente da livraria, Eduardo Dourado, explica que apesar da loja vender tanto livros novos, quanto usados, cerca de 90% dos consumidores já chegam perguntando por aqueles de segunda mão. “Os pais trazem listas extensas. E de cada 10 livros, conseguem levar seis ou sete usados. Isso é uma economia que gira em torno de 40 a 50%”, observa.

Outra constatação feita pelo gerente é que em períodos anteriores a procura por livros usados era maior entre as classes C e B. No entanto, agora está generalizada. “Todos buscam uma forma inteligente de economia. Essa reutilização de livros é algo muito interessante, tanto que quem quer vender algo que está parado em casa, quanto para quem quer economizar e reaproveitar”, avalia Eduardo Dourado.

A crise deixou os consumidores mais cautelosos. Na livraria o que se percebe é que ninguém compra sem antes fazer uma pesquisa ou solicitar o orçamento para avaliar os custos e tentar fazer o investimento caber no bolso. Segundo Eduardo Dourado, os clientes têm questionado mais sobre as condições de pagamento, as formas de trocas de livros usados por outros da loja. “Os consumidores estão realmente correndo atrás de preços mais atraentes. Economia tem sido a palavra chave”, diz.

Vantagem para os pais

O comerciante Walter Antônio de Souza, não perdeu muito tempo. Chegou bem cedinho na livraria e já fez o levantamento com livros didáticos usados para sua filha. Ele conta que todo ano avalia os preços, mas que em tempos de dinheiro curto, livros de segunda mão representam uma economia considerável no orçamento doméstico. “A gente sempre procura uma forma de conter os gastos. Com educação é mais difícil, mas quando se fala em livros, podemos comprá-los usados sem nos preocupar que isso vá causar algum prejuízo ao aprendizado. Aliás, essa reutilização é algo muito interessante e que devia ser adotada por todos”, julga.

A manicure Cinthya Fernandes também buscou economia ao adquirir livros didáticos para a filha e priorizou a troca. Levou alguns usados e os negociou por outros também usados que a filha irá aproveitar esse ano. “Eu faço sempre a orientação para ela manter o bom estado do livro. Assim, no início do ano letivo conseguimos fazer as trocas por livros mais valorizados”, relata.

Cinthya Fernandes conta com a utilização de livros usados como  uma alternativa para reduzir consideravelmente os gastos na volta às aulas. “No ano passado se eu fosse comprar todos novos teria uma despesa de R$ 1,6 mil. Comprando uma parte de livros usados economizei a metade”, conta.

 Na internet

Com o universo da Internet ficou ainda mais fácil ter acesso aos mais variados tipos de serviços. O site brasileiro Estante Virtual reúne centenas de sebos e disponibiliza mais de nove milhões de livros usados e seminovos. Para comprar é só digitar na guia de busca o nome ou autor da edição desejada e efetuar a compra.

O site de relacionamento para leitores, Skoob, tornou-se referência nos últimos anos, onde mais de 800 mil leitores se encontram para trocar livros, compartilhar sugestões e resenhas, simulando uma estante virtual. O cadastro no sistema pode ser feito com o mesmo usuário do Facebook ou com um novo endereço de e-mail.

 

Estante Virtual – www.estantevirtual.com.br – Gigante do setor, a Estante Virtual é a referência em compra e venda de livros usados. São 12 milhões de livros em 1,3 mil sebos, com cerca de 2 milhões de usuários cadastrados. O site ainda afirma que, em média, as obras vendidas por lá são 52% mais baratas que as de livrarias.

 

Livronauta – www.livronauta.com.br – Com mais de 400 sebos e 4 milhões de livro, o Livronauta foi criado em 2010 e logo se tornou um dos maiores sites de venda de livros usados no Brasil. O Recife está presente com pelo menos cinco sebos.

 

Portal dos Livreiros – www.portaldoslivreiros.com.br – Recém-criado, o site está em crescimento, com 46 vendedores cadastrados. O dono promete preços mais baratos, justamente por cobrar uma fatia menor das transações efetuadas.

 

Sebos Online – www.sebosonline.com – O portal reúne vários vendedores de todo o Brasil, com mais de 900 sebistas e livreiros. Uma das singularidades é a venda de títulos de vinis, DVDs, VHS e CDs.

 

Livralivro – www.livralivro.com.br – O site ajuda a conectar leitores que querem disponibilizar seus livros em troca de créditos para pegar outras obras gratuitamente. O funcionamento é simples: para cada exemplar doado, você ganha crédito para pedir um título de alguém. O leitor só paga o frete do envio.

 

Trocando livros – www.trocandolivros.com.br – Assim como o Livralivro, o portal permite que os usuários criem uma lista de livros que pretendem trocar e a lista de títulos que eles querem obter. Novamente, só o frete de envio é pago pelo leitor.

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