Falta de abastecimento de vacinas preocupa população e agentes de saúde

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Luiz Eduardo Rosa

A falta de vacinas, principalmente para as crianças, afeta os calendários nacionais de imunização e de procedimentos de emergência desde julho de 2015. O problema se estende a outras consideradas de emergência, como a antirrábica, e decorreria do fornecimento irregular por parte do Ministério da Saúde.

“A falha no fornecimento e as dificuldades no controle do estoque de vacinas é um problema nacional e que aflige nossa cidade em parte das imunizações, seja no calendário ou para procedimentos urgentes”, explica o assessor técnico da Secretaria Municipal de Saúde de Anápolis (Semusa), o infectologista Macelo Daher, que também atua na rede privada e é membro da Associação Brasileira de Imunizações. O resultado prático do problema é a peregrinação, notadamente de pais, atrás de imunização em unidades dentro e fora da cidade.

“Minha filha não pode ficar sem essa vacina nos primeiros dias de vida, contatamos cinco unidades em Anápolis e todas elas sem estoque, teremos que buscar fora da cidade ou na rede particular”, explica a operadora de máquinas Simone de Oliveira, mãe da pequena Emilly, com 22 dias de vida. Ela procura pela vacina contra a Hepatite B para a filha, tendo em vista a necessidade de cumprir a imunização da faixa etária no cartão de vacinação. Sua esperança é encontra-la na rede pública de Silvânia, conforme relatou uma amiga que seguiu esse caminho.

Em falta

Hoje, a situação crítica de abastecimento inclui as vacinas antitetânica (difteria e tétano), antirrábica, soros (os antirrábico, tetânico e ofídico) e a vacina de Hepatite B, que conta com a promessa de regularização do MS ainda para esse mês. A reposta oficial do órgão ao município é de que a dificuldade parte dos fornecedores. “Porém, as causas desse desabastecimento não são reveladas”, afirma Marcelo. Uma das hipóteses em que Marcelo se baseia é na falta de um componente das vacinas no mercado, algo constatado já por parte da iniciativa privada.

Quanto ao controle dos estoques, haveria dois problemas, segundo Marcelo Daher. O primeiro, e de maior impacto, é a falta de ferramentas que ajudem o MS a reunir informações até à ponta, nas unidades municipais no País, onde as vacinas são ministradas à população. “O Ministério até sabe da situação que assola o País por falta de vacinas, porém não tem a dimensão do transtorno por falta de comunicação entre os entes federativos”, explica. Nos casos de vacinas de calendário, é possível uma manobra nas datas de imunização, mas em relação àquelas de urgência, como a antirrábica, a falta pode levar a vítima à morte se não aplicada em menos de uma semana.

O segundo aspecto é a desorganização que o quadro nacional de desabastecimento gerou no controle de estoques. Quem não encontra a vacina em sua cidade, acaba buscando outra. “O agente público de saúde não pergunta à mãe de uma criança de onde ela vem antes de vacinar, o procedimento é realizado e o cartão de vacinação marcado em qualquer lugar do País”, explica Marcelo, contextualizando o fato do sistema público de saúde ser universalizado no Brasil.

Algumas alternativas mais domésticas são tomadas em Anápolis, como a racionalização da maneira de uso das vacinas. Para aquelas com componentes vivos que ao serem abertas têm validade em um só dia, são agendados horários para que sejam feita as dosagens exatas na quantidade máxima de procedimentos possíveis, evitando desperdício. “O que falta é vontade política e administrativa de cada ente federativo em investir na informatização do controle das vacinas”, conclui Marcelo Daher.

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