Fuja dos clichês, por Marcos Vieira

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MARCOS VIEIRA

A campanha se aproxima e, por isso, não custa pedir: por gentileza, candidatos, evitem os clichês. Sei que a tentação é grande, mas se a proposta é fazer algo para melhorar, que comecemos por aí. Vamos dar algum padrão de qualidade para a disputa.

O primeiro deles, mais na moda, é em relação aos Jogos Olímpicos. Sediar a competição não fez o Brasil ficar mais pobre. O que gerou prejuízo foram os atos de corrupção praticados por agentes públicos e empreiteiras envolvidas nas obras.

As Olimpíadas não possuem instalações suntuosas. São somente ginásios e outras estruturas apropriadas para a prática dos esportes. Observem pela televisão: aquilo tudo ficará para uso dos atletas. E isso, no meu entendimento, é uma coisa boa.

Outro discurso fácil que dói os ouvidos. Dizer que no lugar de um viaduto, teatro ou estádio poderiam ter usado o dinheiro para fazer escolas e hospitais. Atualmente o brasileiro paga quase metade do que ganha em impostos. Sinceramente, tem dinheiro de sobra para obras de excelência em todos os setores. Não é preciso desguarnecer um lado para cobrir outro.

Há alguns outros argumentos um pouco mais simplórios, mas que não deixam de ser clichês altamente irritantes. Dizer que quem está no poder hoje é ladrão. Generalizar é cair no abismo da injustiça. Tem muita gente boa com mandato que merece ter o seu trabalho avaliado de forma honesta.

Aliás, não existe alguém mais contra a reeleição do que político sem mandato. Quem quer entrar acha um absurdo as “vantagens” daqueles que já estão lá dentro na hora de pedir o voto. Então se você ouvir o candidato dizendo que ninguém merece ser reeleito, já sabe: o objetivo dele é ocupar a vaga do concorrente e, uma vez conseguindo isso, permanecer nela até o fim dos tempos.

Reeleição é prevista em lei. Caso você não goste, procure candidatos a deputado federal na próxima disputa eleição que apóiem o fim desse dispositivo. Ajude a eleger o sujeito e cobre dele que apresente um projeto de lei e batalhe pela mudança.

Atenção com o candidato a vereador, espécie que a cada santinho entregue, deixa um clichê vagando no ar, pronto para ser engolido pelo eleitor acrítico. “Vou defender a educação e saúde!” Quem em sã consciência diria o contrário? “Sou o candidato dos mais carentes!” Quero ver alguém dizer que é o candidato dos ricos. “Prometo ser um representante do bairro na Câmara Municipal”. Quem existe em dizer o óbvio, como nessa última, possivelmente vai colocar umas dez secretárias para te barrar na entrada do gabinete quando for eleito. Pense bem: dar seu voto para aquele que faz um discurso barato desse é, em algumas situações, muito pior do que vendê-lo.

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