Campanha na TV é a última chance de esquentar eleição
Disputa morna até agora pode ganhar maior repercussão junto à população com programas na televisão, que começaram no sábado (15). Disputa em Anápolis no segundo turno tem João Gomes (PT) e Roberto Naves (PTB)
MARCOS VIEIRA
Desde o dia 3 de outubro, os candidatos que foram para o segundo turno em Anápolis, João Gomes (PT) e Roberto Naves (PTB), fizeram pouca campanha nas ruas. Sem a presença de candidatos a vereador, o 2º turno também faz com que haja uma redução considerável de adesivos em carros e quase a inexistência de bandeiras sendo agitadas por cabos eleitorais em pontos de maior fluxo de pessoas.
A campanha de 2016 entrará para a história como a mais morna na história de Anápolis. A redução do tempo para se pedir votos – de 90 para 45 dias – aliada ao fim das doações de empresas e limite de gastos imposto pelo TSE contribuem para esse pouco envolvimento popular. O que se vê, essencialmente, é uma guerra maior nas redes sociais, encabeçada por militantes dos dois lados.
A expectativa nessa reta final é que os programas eleitorais no rádio e na televisão possam dar um pouco de substância à eleição local. A veiculação em Anápolis começa na data-limite imposta pelo TSE, neste sábado, dia 15 de outubro. Portanto, serão 12 programas em rede para cada candidato, já que o último a ir ao ar será no dia 28 de outubro.
Em reunião com representantes dos candidatos a prefeito João Gomes (PT) e Roberto Naves (PTB), o juiz Algomiro Carvalho Neto, da 141ª Zona Eleitoral, ouviu o pedido de que cada programa tenha seu tempo reduzido de 10 para 5 minutos – a legislação permite esse tipo de acordo. A solicitação foi atendida.
Profundidade
A campanha na televisão dará oportunidade para que se aprofunde o debate de temas que foram bastante explorados no primeiro turno, mas que acabaram sendo esvaziados na reta final da campanha. Um deles é a implantação da guarda civil municipal, uma promessa feita tanto pelo prefeito João Gomes, candidato à reeleição, e o adversário Roberto Naves.
É preciso que ambos informem como conseguirão recursos financeiros para o pagamento de mais servidores públicos. Como funcionará o treinamento desse pessoal, se será uma guarda armada ou não e como o chefe do Executivo escolherá o comandante dessa nova tropa. Além disso, é preciso detalhar a integração da PM e Polícia Civil com essa nova força de segurança.
Outro tema é a municipalização da água. Roberto Naves promete, caso eleito, fazer uma divisão entre a gestão da água e do esgoto e, caso não veja seus pedidos atendidos por parte do governo estadual, romper o contrato com a Saneago. A municipalização parcial implicaria em pagamento de indenização por parte do Município? Em quanto tempo o processo seria concluído e os investimentos começariam?
O candidato João Gomes descarta a municipalização e afirma que gestões políticas são feitas constantemente cobrando da Saneago investimentos na cidade.
Recentemente, em entrevista à Rádio Manchester AM, a gerente da Saneago em Anápolis, Tânia Valeriano, falou sobre a promessa que surgiu na campanha de construção imediata de um reservatório de água para Anápolis. “Não é bem assim”, explicou a engenheira. Ela informou que uma obra desse porte exige diversas licenças ambientais e um estudo geológico complexo na área que eventualmente receberia a represa, já que uma fratura no solo poderia não suportar o peso de toneladas de água e causar uma tragédia. “Além disso, tem as indenizações das desapropriações e a questão social de remanejar famílias de suas regiões de origem”, comentou Tânia. A gerente da Saneago disse que são no mínimo dez anos para a conclusão do projeto. “Por isso é preciso tratar as coisas tecnicamente, e não politicamente”, concluiu.
Apoios
O segundo turno também serve para arrebanhar apoios de candidatos derrotados no primeiro turno. Nesse ponto, Roberto Naves conquistou o apoio de todos os seus antigos adversários. Valeriano Abreu (PSC) foi o primeiro a bater o martelo e fechar apoio ao candidato petebista, inclusive com discursos inflamados contra João Gomes.
O PV anunciou apoio a Roberto em uma reunião encabeçada, principalmente, pelo vereador eleito Dominguinhos do Cedro. Essa semana, depois de um descanso em uma chácara, o ex-deputado José de Lima apareceu para dar apoio ao petebista.
O PSDB também hipotecou apoio a Roberto Naves. Primeiro em uma reunião encabeçada por Adhemar e Onaide Santillo. Depois, em um encontro com o deputado Carlos Antonio.
Roberto também conta no seu projeto de chegar à prefeitura com o ex-deputado Pedro Canedo e o DEM anapolino.
Já o prefeito João Gomes conquistou o apoio do PHS, cujo líder principal na cidade, o pastor Elismar Veiga, esteve na chapa do PSDB no primeiro turno. Na sexta-feira (14) à noite, João ganhou o apoio do PRTB.
Gastos
Produção de programas de rádio, televisão e vídeo continua sendo o principal gasto de campanha de Roberto Naves. Foram R$ 141,4 mil consumidos de toda a despesa contratada até agora, de um total de pouco mais de R$ 405 mil. Roberto conseguiu R$ 361,5 mil para sua campanha. O PTB regional doou R$ 142,5 mil e o candidato tirou do próprio bolso R$ 128 mil.
A produção de programas de rádio, televisão e vídeo representa 49,66% do gasto de campanha de João Gomes. Foram pouco mais de R$ 249 mil gastos nessa área, de um total de R$ 503 mil de despesas contratadas. O candidato conseguiu R$ 229,8 mil de doações para sua campanha: foram R$ 44,9 mil do diretório regional do PT e R$ 60 mil tirados do próprio bolso.